Quando era miúdo, na escola, usava-se muito a expressão "procurar o sumo", no sentido de encontrar o essencial nos textos que nos eram dados a ler e a interpretar. Os professores bem insistiam connosco para nos tornarmos mais competentes na separação entre o essencial e o acessório ou, no jargão da escola, identificar as ideias principais do texto.
Actualmente, uma das críticas que recorrentemente se faz ao trabalho dos nossos alunos continua a ser a sua falta de competência na interpretação dos materiais que lêem.
Como é natural temos que trabalhar todos para que essas competências evoluam.
A grande questão é que o ambiente em que vivemos tem, do meu ponto de vista, vindo a dificultar progressivamente este trabalho de encontrar o essencial, o sumo.
Boa parte dos discursos políticos dirigem-se para questões completamente acessórias, de baixa política e marginais aos conteúdos que, de facto, precisam de reflexão e análise.
As políticas desenvolvidas, de uma forma geral, raramente tocam nos aspectos centrais e que carecem de reformas sérias, privilegiam medidas avulsas e de pouco impacto.
Os comportamentos e valores que de mansinho se vão instalando, mesmo quando veementemente os negamos, traduzem com demasiada frequência a preocupação com o acessório, com o imediato e menos com o essencial.
Não é pois tarefa fácil ajudar os mais novos a olhar para o mundo e a perceber o sumo, o essencial. Para além disso, boa parte do sumo que é vendido como tal, é de plástico e de má qualidade.
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