quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

CARÊNCIAS

Parece fatalidade. Sempre que se realiza um estudo sobre a qualidade de vida das crianças portuguesas, independentemente do domínio, a conclusão aponta sistematicamente para situação de fragilidade, falta, carência ou excesso quando é este o pólo negativo. Como exemplo, o Público noticia que alunos de uma escola de Vila Real  usaram cobertores, gorros e luvas para se proteger do frio na escola. Também em termos alimentares, consumimos de mais alguns ingredientes, consumimos de menos outros ingredientes, em matéria de bens, consumimos de mais alguns tipos de bens e de menos outros tipos de bens, culturais, por exemplo. Parece que temos uma dificuldade em viver e consumir, o que quer que seja, equilibradamente.
Desta vez, dizem-nos, ver estudo divulgado no Público, que as crianças portuguesas têm carência de iodo. Parece que aquela ideia assente na sabedoria popular de que a proximidade da praia providencia iodo não funciona e os miúdos estão carentes sendo que uma parte apresenta um risco de saúde de algum significado.
Curiosamente, uma forma de minimizar a carência do iodo, dizem os especialistas, é proceder à iodização do sal para consumo. No entanto, os estudos vêm dizer-nos que consumimos sal em excesso (um caso em que o excesso é o pólo negativo) o que também é um risco sério em termos de saúde.
Com tanta informação disponível para balizar os nossos comportamentos, a nossa vida fica mais complicada de gerir e, paradoxalmente, fácil de idealizar.
Dá muito trabalho ser perfeito, além que de que é caro.

3 comentários:

João A. Quadrado disse...

[ainda há pouco, escrevia, em tom de "estado de espírito" que basicamente, quando “os cientistas chegaram à conclusão que”… é porque algo mau vai sobrar para nós!

Espero que um dia, muito sabiamente, esses "estudos científicos" sem assinatura, nem rosto, não tenham mais conclusões e deixem viver quem quer viver, deixem em paz os que só pretendem saber "como respirar"!]

Zé Morgado disse...

Algumas vezes as questões remetem mais para como a informação é tratada e divulgada do que dos próprios estudos, embora, também com frequência, não se conheçam dados suficientes para entender a sua validade e conclusões

Anónimo disse...

Farto-me de rir com algumas reviravoltas nestes textos.
Começo a ler um comentário a uma notícia e acabo noutro assunto completamente igual mas completamente diferente.

Gosto.

Teresa