A propósito do trágico acontecimento da morte violenta de Carlos Castro, da sua divulgação, designadamente, através da televisão, e das inquietações que poderá levantar junto dos mais novos, o Público cita o Professor Mário Cordeiro. As considerações que produziu parecem-me de bom senso e ajustadas como, aliás, lhe é habitual.
Das suas afirmações, apenas uma pequena nota. Quando se refere à forma como as notícias são produzidas Mário Cordeiro afirma, “Depende de como as notícias são dadas e isso compete a cada jornalista, editor, pensar no que seria se os filhos estivessem do outro lado do ecrã”.
Parece-me ingénuo acreditar e confiar que os conteúdos televisivos, por exemplo a forma de noticiar um episódio, considerem o critério enunciado pelo pediatra. Os responsáveis têm fundamentalmente como critério o impacto nas audiências e a luta pelo mercado.
Se assim não fosse, boa parte da produção televisiva que circula em horários nobres estaria condenada face à mediocridade, violência e valores que alimenta. Somos nós os consumidores de produtos televisivos e que acompanhamos, ou deveríamos fazê-lo, os miúdos quando estão em frente ao ecrã, que temos de construir uma atitude de exigência de qualidade que minimize o consumo. A televisão limita-se a mostrar “o que as pessoas querem ver, da forma que querem ver”. Acresce que muitos miúdos estão sós, têm um ecrã como babysitter e não é de esperar que do outro lado esteja alguém com preocupações educativas.
Não adianta tapar o sol com uma peneira.
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