terça-feira, 4 de janeiro de 2011

COMBATE À CORRUPÇÃO. NÃO É NÃO QUERER, É NÃO PODER

São frequentes os discursos sobre a falta de vontade e empenho político no combate à corrupção. Hoje no Público o Bastonário da Ordem dos Advogados volta ao assunto enquanto está em andamento a petição do CM sobre a criminalização do enriquecimento ilícito.
De facto, muita gente de vários quadrantes se refere que nenhum dos partidos do chamado "arco do poder" parece verdadeiramente interessado em combater a corrupção como, aliás, pode ser comprovado pelas práticas desenvolvidas quando ocuparam o poder. A questão, do meu ponto de vista é mais grave. Os partidos, insisto no plural, mais do que NÃO QUERER mexer seriamente na questão da corrupção, NÃO PODEM e vejamos porque não podem. Nas últimas décadas temos vindo a assistir à emergência de lideranças políticas que, salvo honrosas excepções, são de uma mediocridade notável. Temos uma partidocracia instalada o que determina um jogo de influências e uma gestão cuidada dos aparelhos partidários donde são, quase que exclusivamente, recrutados os dirigentes da enorme máquina da administração pública, central e local, e da enormidade de instituições e empresas sob tutela do estado.
Esta teia associa-se à intervenção privada sobretudo nos domínios, e são muitos, em que existem interesses em ligação com o estado, a banca e a as obras públicas são apenas um exemplo. A manutenção deste quadro, que nenhum partido está obviamente interessado em alterar, exige um quadro legislativo adequadamente preparado no parlamento e uma actividade reguladora e fiscalizadora pouco eficaz ou, utilizando um eufemismo, “flexível”. Assim, a sobrevivência dos partidos, tal como estão, exige a manutenção da situação existente pelo que, de facto, não podem alterá-la. Quando muito e para nos convencer de que estão interessados, introduzem algumas mudanças irrelevantes e acessórias sem, obviamente, mexer no essencial. Seria um suicídio para muita da nossa classe política e para os milhares de boys de diferentes cores que se têm alimentado, e alimentam, do sistema.
Só um pedido, não nos chamem parvos.

Sem comentários: