quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

OS ESPELHOS TAMBÉM SE ENGANAM

As imagens reflectidas pelos espelhos são, acredita-se, reproduções exactas do original que as origina. Na verdade, nem sempre assim acontece, sobretudo quando se trata de gente. Aquilo que o espelho devolve é trabalhado no sentido, de tanto quanto possível, corresponder à imagem que efectivamente gostávamos que o espelho reflectisse.
É por isso que tantas vezes, alguns de nós temos vontade de mudar de espelho ou desejar que se inventasse um espelho com um espécie de "photoshop" incorporado que trabalhasse a imagem e nos devolvesse aquilo que desejamos ver.
Com os miúdos, alguns miúdos, passa-se uma situação da mesma natureza. Os espelhos que lhes vão devolvendo a imagem mostram qualquer coisa como "não sabes", "não és". "não fazes", "não rendes", "és irresponsável", "és distraído" "não fazes nada de jeito", "não prestas" e outro tipo de imagens.
Como é evidente, não parece particularmente confortável lidar com espelhos que devolvem estas imagens e que podem ser vários. Chamam-se, por exemplo, escola, pais, colegas ou professores.
Em algumas circunstâncias pode acontecer que se instale a tentação de "partir" os espelhos que devolvem tais imagens e, como sabemos, "partir espelhos" é uma actividade com algum perigo.
Por estas razões, mas não só, temos tantos miúdos em risco, não aguentam a imagem de si que lhes devolvem.
É que, às vezes, os espelhos também se enganam.

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