segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A REFLEXÃO

No dia anterior aos actos eleitorais a lei impõe um período de reflexão. Os resultados dos actos eleitorais impõem a reflexão do dia seguinte. Sem pretensões a pertencer à tribo emergente dos politólogos algumas notas de espectador que procura estar atento.
Apesar do contributo que os incidentes com os números do cartão de eleitor possa ter provocado a histórica abstenção evidencia o distanciamento progressivo dos cidadãos relativamente à vida política.
As candidatura com resultados mais surpreendentes, face às expectativas, foi a de Fernando Nobre, a primeira que se estruturou fora do controlo dos aparelhos partidários. Estes resultados, conjugados com os da abstenção sugerem que começa a verificar-se a instalação mais sólida de um espaço de participação política fora da partidocracia.
Os resultados de Manuel Alegre, mais do que um erro de casting, mostram a impossibilidade actual de um frentismo PS e BE, pelo menos numa primeira volta. Não são, genericamente, eleitorados compatíveis e só em circunstâncias como um tudo ou nada de uma segunda volta se poderia esperar que esta aliança reforçasse e não diminuísse.
A campanha foi feia e pouco esclarecedora do que quer que fosse. Oscilou entre as discussões sobre os comportamentos pessoais e os discursos dos candidatos que pareciam esta a concorrer a eleições legislativas com um programa de governo.
Uma nota, essa sim significativa, dos resultados de José Manuel Coelho, quer no continente, quer, sobretudo na Madeira onde, por exemplo no Funchal, ganhou a Cavaco Silva e no que isso pode prenunciar para o poder de Alberto João Jardim.
Algumas análises falam de um novo ciclo a partir destas eleições. Não me parece que na actual conjuntura tal entendimento faça sentido. O cenário actual está para durar sem grandes alterações até ao fim da legislatura. Lembro-me mesmo de Lampedusa com a sua ideia de que se torna necessário mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma.
A ver vamos.

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