Parece ter-se instalado na sociedade portuguesa um comportamento recorrente sempre que algo não vai ao encontro dos interesses de alguém ou de algum grupo. Refiro-me à febre das providências cautelares. Nestes últimos dias a ter notícia de uma enorme quantidade de providências cautelares a entrar nos tribunais. Como acredito em princípios de equidade decidi que também quero uma providência cautelar. A partir da decisão instalou-se a dúvida sobre o objecto da minha providência cautelar. É que pode ser:
Relativamente à existência de políticos carreiristas e incompetentes que enchem os aparelhos partidários, sobram para as instituições públicas e são um atentado político;
Relativamente à arrogância da ignorância evidenciada por muita gente que fala, escreve, sobre o que não sabe;
Relativamente aos atentados à qualidade vida e ao ambiente em nome da ideia de há que “cimentar” o progresso(!!);
Relativamente à falta de políticas sociais dirigidas, de facto, às pessoas, dos putos aos velhos;
Relativamente a uma justiça, nas mais das vezes, entupida, ineficaz e injusta;
Relativamente à falta de responsabilização de gestores públicos pela incompetência na gestão do que lhes confiamos;
Relativamente aos densos e generalizados fumos de corrupção causadores de uma insuportável poluição ética;
Relativamente à substituição do substantivo pelo “light”, do que se conhece e estuda pelo que parece e se acha;
Relativamente à ditadura do politicamente correcto asséptico;
Relativamente a … etc.
Creio que mais do que providências cautelares, temos, cada vez mais, que acautelar as providências que tomamos no nosso quotidiano..
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