Uma das características da
gastronomia do Meu Alentejo, embora não seja um seu exclusivo, é a utilização
dos temperos ou, na expressão do Sr. Manuel do Mercado, dos cheirinhos. Aqui em casa somos fartos consumidores de
cheirinhos que quando aplicados de forma ajustada e criativa, permitem que
alguns pratos elaborados com produtos, por vezes pobres de sabor, resultem
em peças superlativas, gourmet como agora se diz, ou, como eu
prefiro, em petiscos que nos fazem agradecer à mãe natureza e ao jeito da mão
humana tal dádiva.
Vem esta introdução gastronómica
centrada nos temperos e na sua decisiva importância, a propósito do trabalho
educativo de professores e pais. Este "a propósito" parecer-vos-á
estranho, considerando que me refiro a dois universos tão diferentes, vou
tentar explicar. No fim, provavelmente, continuará estranho mas ficou a ideia.
Se bem repararmos e sabendo nós
que cada miúdo carrega uma história diferente pelo que nenhum é igual a
qualquer outro, os bons professores e os bons pais são aqueles que para confeccionar
a acção educativa escolhem e utilizam no dia a dia os temperos de modo a fazer
sobressair e progredir as qualidades, as capacidades e os saberes dos miúdos e
também usam os temperos ajustados para atenuar fraquezas ou fragilidades que
possam comprometer o resultado final.
Quando tudo corre bem, na grande
maioria das situações, temos bons resultados finais e resultam projectos de
vida positivos e com potencial de realização bem sucedida.
Quando os temperos não são usados
da melhor maneira assistimos ao destempero que conhecemos em muitos miúdos, em
muitas famílias e em muitas salas de aula.
Lembrem-se do conselho do Sr.
Manuel e da gente do Meu Alentejo. É sempre importante ter um bom ramo de
cheirinhos à mão, quase de certeza o prato vai sair bem.
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