O despertar das consciências para as questões do
ambiente e da qualidade de vida colocou na agenda a questão das pegadas, das
marcas, que imprimimos no mundo através dos nossos comportamentos. Este novo
sentido dado às pegadas tornou secundárias e ultrapassadas as míticas pegadas
dos dinossauros e as românticas pegadas que os pares de namorados deixam na
areia da praia.
Fomo-nos habituando a ouvir referências às várias
pegadas que produzimos com nomes e sentidos mais próximos ou mais distantes
mas, sobretudo, tem-se acentuado a grande preocupação com a diminuição do peso,
isto é, do impacto das nossas pegadas. Conhecemos a pegada ecológica numa
perspectiva mais global ou, em entendimentos mais direccionados, a pegada
hídrica, a pegada energética, a pegada verde, a pegada do papel, a pegada do
carbono, etc.
Do meu ponto de vista e sempre preocupado com o
ambiente, com a qualidade de vida e com a herança que deixaremos a quem nos
segue, nunca encontro referências e muito menos inquietações sérias com a
pegada ética, isso mesmo, a pegada ética. Os comportamentos e valores que
genericamente mobilizamos têm, obviamente, uma consequência na qualidade ética
da nossa vida que não é despicienda. Os maus-tratos e negligência que dedicamos
aos princípios éticos mais substantivos provocam um empobrecimento e degradação
do ambiente e da qualidade de vida das quais cada vez parece mais difícil
recuperar.
As lideranças, as várias lideranças de diferentes
áreas, hipotecando a sua condição de promotores de mudanças positivas são
fortemente responsáveis pelo peso e impacto que esta pegada ética está a
assumir.
Vai sendo tempo de incluir a pegada ética no
universo da luta pelo ambiente, pela qualidade vida e pelo futuro.
Em termos mais pragmáticos e face aos numerosos
incidentes que regularmente surgem, veja-se o sinistro episódio das “secretas”,
talvez fosse de considerar a instalação urgente de uma ETAR – Estação de
Tratamento do Ambiente da República.
Espero e acredito que ainda estamos a tempo de recuperar o ambiente da
República. Haverá ETAR que responda?
1 comentário:
Maravilhosa expressão que me cativou como leitor deste magnífico blog. Voltarei. Trarei gente comigo.
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