Persistindo no seu caminho de constituição de
mega-agrupamentos, o MEC sobe um degrau e, lê-se no DN, propõe um colossal
agrupamento a constituir na região de Mafra envolvendo 9 000 alunos, leram bem,
9 000 alunos. Mais uma vez, algumas notas sobre este modelo de organização da rede
escolar.
Desde sempre tenho defendido que apesar de ser
necessária uma reorganização da rede escolar, porque escolas de reduzidíssima
dimensão, para além dos custos, não cumprem a sua função social com qualidade,
seria absolutamente desejável que se não enveredasse pela criação de mega-escolas
ou mega-agrupamentos. O MEC insiste nesse caminho e não estabelece limites à
concentração que para o Governo anterior tinham como média 1700 alunos e como
limite 3000.
De há muito que se sabe que entre os factores mais
contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de disciplina se podem
identificar o efectivo de escola e a qualidade e consistência da sua liderança.
Não é certamente por acaso, ou por desperdício de recursos, que os melhores
sistemas educativos, lá vem a Finlândia outra vez, e, por exemplo, mais
recentemente o Reino Unido e os Estados Unidos na luta pela requalificação da
sua educação, optam por estabelecimentos educativos que não ultrapassam a dimensão
média de 500 alunos. Sabe-se, insisto, de há muito que o efectivo de escola
está mais associado aos problemas que o efectivo de turma, ou seja,
simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito grandes.
Por outro lado, considerando a desejável e
progressiva autonomia das escolas, a qualidade das liderança emerge cada vez
mais como uma variável com peso muito significativo. Estruturar mega-agrupamentos
com lideranças diluídas e dispersas não será, certamente, uma boa forma de
promover essa qualidade.
É fundamental que a comunidade tenha consciência
deste universo de modo a tentar travar o movimento de construção de autênticos
barris de pólvora e contextos educativos que dificilmente promoverão sucesso e
qualidade apesar do esforço de professores, alunos, pais e funcionários.
Não conheço nenhuma justificação de natureza
educativa que sustente a existência vantajosa de escolas para crianças e
adolescentes com 1500 lugares ou mais. A razão para a sua criação só pode,
pois, advir da vontade de controlo político do sistema, a grande tentação de
qualquer governo, menos escolas envolvem menos directores ou de questões
economicistas que a prazo se revelarão com custos altíssimos pela ineficácia e
problemas que se levantarão.
O insucesso sai sempre mais caro que o
investimento no sucesso.
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