Se bem estão recordados, em Novembro de 2011,
João Duque, o responsável do Grupo de Trabalho nomeado pelo Governo para
definir serviço público, defendeu que "a bem da Nação”, a informação
emitida pela RTP Internacional deve ser “filtrada” e “trabalhada” pelo Governo,
acrescentando que este tratamento “não deve ser questionado”.
Entretanto têm-se sucedido episódios de
interferência na imprensa controlando opiniões e notícias.
Recordemos o caso da suspensão do espaço Este
Tempo, na Antena 1 da RDP, em que se produziram críticas a Angola por parte do
jornalista Pedro Rosa Mendes.
Pelo meio ainda se assistiu ao castigo a João
Gobern por revelar a sua simpatia clubista, algo sempre conhecido e,
certamente, uma das razões pelas quais estaria naquele programa.
Agora temos um episódio mais pesado envolvendo ameaças
de Miguel Relvas a uma jornalista do Público e ao próprio jornal, caso
publicasse uma notícia que lhe são seria favorável face à sua patética, por
assim dizer, prestação no caso Silva Carvalho. Os desenvolvimentos a que temos
vindo a assistir vão mostrando a despudorada promiscuidade de interesses
obscuros e o inaceitável comportamento destas sinistras figuras.
A actuação do Ministro Relvas, “his master’s
voice”, todos os governos precisam de quem se preste a este despudorado trabalho,
parece assentar no entendimento de serviço público de João Duque, em modo
Miguel Relvas. Comenta-se o que não se deve e da forma que não se deve,
acaba-se com os comentários e com os comentadores. Quer-se noticiar o que se
não deve, ameaça-se a jornalista e o jornal. Mais nada, a fórmula velha e em
retoma de "a bem da Nação".
É só mais um "pequeno" contributo para
percebermos por que razão os estudos nos mostram como a democracia está doente
e nós descrentes.
O despudor anda à solta. Cada dia temos algo que
nos recorda isto mesmo.
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