quinta-feira, 3 de maio de 2012

OS SPREADS DO NOSSO DESCONTENTAMENTO

Segundo a imprensa de hoje, o Governo vai legislar no sentido de limitar as alterações no spread, a margem negocial dos bancos, a ocorrer nos processos de renegociação de empréstimos bancários para compra de habitação.
A medida destina-se a proteger as pessoas, as famílias, em casos de sobreendividamento ou de dificuldades em cumprir créditos bancários por razões como desemprego.
Eu sei que de acordo com o espírito da época, se entende que os mercados devem funcionar sem constrangimentos, de forma aberta e, sobretudo, não devem ser irritados para não ficarem nervosos.
Entretanto, esta desregulação total dos mercados produz a devastadora situação que atravessamos, com milhões de pessoas em situação de pobreza e exclusão, milhões de desempregados e gente  quem a dignidade, o seu bem mais precioso, é roubada aos poucos, em nome do spread, a margem de lucro dos mercados.
Quando olhamos à nossa volta percebemos inúmeros exemplos em que o spread é excessivo, margens de lucros altíssimas obtidas à custa de actividades sem verdadeira concorrência e sem que se "queira" combater a óbvia cartelização. Continuam a verificar-se mordomias verdadeiramente insultuosas em vencimentos, pensões ou outras remunerações a quadros de empresas públicas ou privadas, muitas vezes geridas de forma ruinosa sem que nada aconteça em matéria de responsabilização.
Como o documentário "Inside job" mostra com clareza, uma das causas principais da crise iniciada em 2008 e na qual radica a situação que atravessamos, foi a ausência de regulação nos mercados financeiros a que os diferentes governos foram e são pouco sensíveis, os mercados devem funcionar livremente e auto-regularem-se, dizem. O resultado devastador está à vista.
Com algum optimismo, ingénuo provavelmente, poderíamos acreditar que os princípios éticos e morais regulassem os spreads que enfrentamos no quotidiano. A questão é que os mercados não têm alma nem ética, vale tudo, sempre que se pode, aumenta-se o spread.
Vamos ver como corre este processo de regulação que, do meu ponto de vista e contrariando os tempos, deveria ser bem mais alargado.

2 comentários:

João Soares disse...

Parabéns Zé Morgado pelo blogue.
Sou o "seguidor" mais recente. Espero e aguardo visita e comentário ao meu blogue, BioTerra, com mais de 8 anos de actividade.
Voltarei.
Um abraço

Zé Morgado disse...

Obrigado, vou estar atento