A realização de mais um megapiquenique do Continente
em Lisboa, desta vez no Terreiro do Paço, parece estar a causar algumas
inquietações a parte dos vereadores. "Encher o Terreiro do Paço com
couves, porcos, vacas e outros animais não é digno", dizem uns, a "Câmara
de Lisboa não se deve associar a operações de marketing alugando o Terreiro do Paço
ao Continente", dizem outros.
Compreendo e partilho das preocupações dos
vereadores sobre a dignidade do Terreiro do Paço e as decisões da Câmara de
Lisboa que gostava, aliás, de ver estendida, a outras matérias da vida de Lisboa,
mas a questão é outra.
Quando as televisões mostrarem, tal como nas
outras edições do megapiquenique, a "participação popular", genuína e
empenhada, com muitos milhares de pessoas "felizes" com o dia de
festa que lhes foi proporcionado, ainda que pelo Continente, numa operação de
marketing, quando nos directos televisivos com entrevistas notáveis "a
esta senhora", ou a "este casal com as crianças" se ouvirem
palavras de felicidade e contentamento que ajuda a espairecer os tempos
difíceis que se vivem, percebe-se porque se realiza o megapiquenique.
Importa ainda não esquecer, a cereja no topo do
bolo, que o evento tem como ponto alto um concerto de Tony Carreira que, só por
si, levaria muita gente ao Terreiro do Paço, ainda por cima de borla, de borla,
repito.
Pois é senhores vereadores do contra, já que o pão
está em crise, que não nos falte o circo, isso não. Bem-haja António Costa,
bem-haja Belmiro de Azevedo.
Sem comentários:
Enviar um comentário