O Público coloca em 1ª página a preocupação de docentes e
pais com os resultados dos alunos do 9º ano na prova intermédia de Matemática e o que tal cenário pode significar para a realização do exame nacional em Junho.
Embora o GAVE não tenha ainda disponíveis os dados globais, os indicadores ao
nível de escola são preocupantes. Quer em escolas privadas, quer em escolas
públicas com bons resultados habituais, as notas desceram muito
significativamente.
Na altura da realização dos exames, a Associação de
Professores de Matemática e a Associação Nacional de Professores manifestaram a
sua discordância com o modelo de exame, acentuando a sua desadequação aos conteúdos
ministrados em muitas escolas. As organizações representativas dos pais
associam-se na preocupação, o GAVE defende a qualidade do exame e o MEC diz que
as escolas podem fazer o que entenderem por bem com estes resultados, o que é
também curioso. A questão é importante e motivo de preocupação, sem dúvida, mas, do meu ponto de vista, deve ser enquadrada e alargada.
Na linha do que tenho vindo a escrever por aqui,
reconhecendo a óbvia importância dos exames, até pela relação mágica que o
Professor Nuno Crato tem com a existência de exames, parece-me
que esta discussão, ainda que pertinente e necessária, realça o acessório e o
essencial não é valorizado. Quero dizer com isto que a questão central da
qualidade não é a avaliação, mas os conteúdos e os processos de ensinar e
aprender. É nesta matéria que temos, creio, de centrar as atenções, na
qualidade na extensão e conteúdos dos programas, na correcta definição dos
objectivos a atingir, nas metodologias de trabalho de professores e alunos e,
finalmente, na disponibilidade de apoios oportunos e eficazes às dificuldades
de alunos e professores.
Os dispositivos de avaliação são uma parte fundamental,
imprescindível e integrada de todo este processo e não O fim das aprendizagens como
parece ser o entendimento do Ministro Nuno Crato.
É evidente que quando se realizam exames, se espera que eles
estejam adequados ao contexto em que se aplicam, mas, a montante dos exames, o
essencial deve ser acautelado.
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