Uma das raras coisas que
conseguem tirar o Velho Marrafa do sério, é quando se torna necessário fazer
qualquer coisa daquilo que é a sua arte, o mundo da agricultura no Meu Alentejo,
e alguém lhe perguntar se ele saberá fazê-la.
Considera quase ofensiva a
pergunta, às vezes ainda o provoco, perguntando se sabe fazer uma qualquer
coisa necessária lá no monte, mas ele já percebe que não é a sério. Ele entende
que alguém que tem uma arte pode não saber fazer tudo, mas não pode dizer que
não sabe, pensa, pergunta aos que sabem mais, experimenta, mas ... faz. Um
artesão sabe da sua arte.
O que o Velho Marrafa, homem bom,
não compreende é a quantidade de gente que se dedica a artes de que não sabe e
que, portanto, não devia fazer. Ele dá-me exemplos de gente que se põe a fazer
enxertias, a limpar árvores ou a tirar cortiça sem saber da arte. Fica tudo mal
feito, não resulta e é mau trabalho, para todos.
Pois é Mestre Marrafa. O problema
é que esses artesãos sem arte andam por todo lado, metem-se em tudo, porque acreditam
que sabem e dominam todas as matérias, são uns troca-tintas.
Muitos destes artesãos sem arte
chegam a lugares de mando, mercê de outras artes, e percebe-se como mandam,
basta olhar. O Velho Marrafa, bem conta que os patrões bons e os mourais bons
eram, são, os que sabem mandar, o mando também é uma arte.
Na verdade o panorama não é
animador, boa parte do que é importante para todos, está nas mãos, não de
artesãos que dominam a arte, mas de uns "artistas" de habilidades e manhas
das quais se servem, aí sim, com arte, com muita arte.
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