Continua a narrativa. Quase parecia que tinha
sido decidido que o Dr. Isaltino serviria de “prova” de que a justiça funciona
no Portugal dos Pequeninos. Mas ele não desesperou e fez muito bem. Hoje conheceu-se
mais um passo desta já longa narrativa, o Ministério Público de Oeiras considerou prescrito o
procedimento criminal, pelo crime de corrupção passiva para acto ilícito, pelo que arquivou o
inquérito.
Já há poucos dias o Tribunal tinha decidido que o crime, repito, o crime, de corrupção prescreveu, em resposta ao enésimo recurso da defesa do Dr. Isaltino. É certo que existem ainda outros crimes com condenação decidida, mas não é menos certo que os recursos são para isso mesmo, para recorrer e nisso, o Dr. Isaltino é um génio e um monumento de persistência.
Já há poucos dias o Tribunal tinha decidido que o crime, repito, o crime, de corrupção prescreveu, em resposta ao enésimo recurso da defesa do Dr. Isaltino. É certo que existem ainda outros crimes com condenação decidida, mas não é menos certo que os recursos são para isso mesmo, para recorrer e nisso, o Dr. Isaltino é um génio e um monumento de persistência.
Este processo é um exemplo notável do
funcionamento da nossa Justiça. Existem crimes comprovados e todo o processo se
desenvolve com a interposição de recursos atrás de recursos, num desfile de manobras,
manhas e outros expedientes que o nosso sistema de justiça tão minuciosa e
eficazmente tem desenhado para que quem dele se sabe aproveitar o possa fazer
em seu benefício. Tudo isto se prolongará, obviamente, até à prescrição final.
A titular da pasta da Justiça já tem assumido em
público a despudorada utilização de manobras manhosas que mais não fazem que
minar a justiça transformando-a numa espécie de administração da injustiça.
Alguns titulares de cargos de responsabilidade na área da justiça também já
afirmaram que a sentença decidida já deveria ter sido executada, mas calma, há
sempre lugar a mais um recurso.
Tenho para mim que este caso virá a morrer por
morte morrida, para usar as palavras de João Cabral de Melo Neto, ou seja, cairá
por esgotamento. Assim, o Dr. Isaltino poderá ter uma reforma tranquila com a
herança que receberá do sobrinho que tem na Suíça e os trocos miseráveis
resultantes de uma vida dedicada à causa pública.
No meio do azar, coitado, até teve sorte,
felizmente amealhou um bom pé-de-meia que nos tempos que correm não é coisa
pouca.
A tragédia é que lemos tudo isto sem um
sobressalto de indignação, este fim está escrito nas estrelas, é o destino.
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