Está então decidido. Com o acordo do Vaticano
caem dois feriados religiosos e dois feriados civis numa linda plataforma de
entendimento. É bonito, é moderno e, sobretudo, é um enorme contributo, disse o
Álvaro, o Senhor Ministro da Economia, para a competitividade e produtividade.
Já há alguns meses, quando esteve em cima da mesa
a hipótese, entretanto abandonada, de aumentar a carga horária de meia hora diária,
não sendo especialista, apenas um cidadão que procura estar atento, me parece que
a abordagem da relação entre o tempo de trabalho, a competitividade a
produtividade é contaminada por alguns equívocos.
É minha convicção de que o problema da
produtividade é, fundamentalmente, uma questão de melhor trabalho e não de mais
trabalho. Aliás, algumas opiniões ouvem-se neste sentido e podemos reparar o
que se passa noutros países com cargas de horário laboral semelhantes à nossa. Há
alguns meses, a propósito de umas afirmações da Senhora Merkel sobre os "preguiçosos"
do sul da Europa, foi divulgado, creio que na imprensa, o I referiu os dados, um
relatório sobre da União Europeia e, contrariamente a alguns entendimentos, a
duração do trabalho em Portugal é a terceira mais elevada da Europa, repito, a
terceira mais elevada da Europa, embora a competitividade e produtividade sejam
das mais baixas.
Parece assim claro que a produtividade não
decorre fundamentalmente do tempo de trabalho. Existem, tenho-o afirmado,
factores menos considerados e que do meu ponto de vista desempenham um papel
fundamental, a qualificação profissional, a organização do trabalho, a
qualidade dos modelos de organização e funcionamento, no fundo, a qualidade das
lideranças nos contextos profissionais. O nível de desperdício no esforço, nos
meios e nos processos em alguns contextos laborais é extraordinariamente
elevado.
Relembro que os empregadores portugueses,
sobretudo nas médias, pequenas e micro empresas, as que asseguram a grande
fatia dos postos de trabalho, possuem um baixíssimo nível de qualificação em
termos europeus, excepção feita, evidentemente, a alguns nichos.
Neste cenário, a decisão de aumentar o horário de
trabalho, com redução de feriados, por exemplo, não parecem ser, só por si, as
soluções milagrosas de incremento da produtividade.
Parece-me bem mais potente um esforço concertado
e consistente de apoio à modernização e formação dos empregadores e quadros do
tecido empresarial do que baixar custos do trabalho pelo recurso simplista e
“fácil” ao aumento da carga horária.
Mesmo que o Álvaro, o Senhor Ministro da
Economia, queira desesperadamente acreditar nisto, a realidade não é a
projecção os seus desejos.
1 comentário:
Nem mais!
Isto não passa de um verdadeiro disparate, uma "Crença" sem bases de uns desgovernantes infantis, levados na conversa de um tipo de patronato que diz que a produtividade só aumenta desvalorizando o trabalho,os salários.
Para além do que isto mutila a nossa nacionalidade e os valores do descanso e da família de um país que não deveria ceder a endeusar a produtividade e o dinheiro só para agradar a "mercados" nervosinhos insaciáveis.Há outros valores, para além de sabermos que não são quatro dias a mais de trabalho que nos tiram do buraco. Só aumentarão o desemprego à custa da exaustão labral dos mesmos de sempre!
O ministro Álvaro devia voltar para o Canadá e só voltar quando crescesse e estudasse as realidades que julga ter vindo dinamizar (?!).
E hoje o ministro das finanças a implicar, no seu discurso de que o desemprego está a aumentar mais que o previsto, que é sinal da RIGIDEZ LABORAL? O quê?
(peço desculpa pelas maiúsculas, mas estes senhoritos tiram-nos do sério)
Cumprimentos e mais uma vez parabéns pelo sempre atento e inquieto blogue.
Se visitar o "Alegrias e Alergias" poderá lá encontrar textos e cartoons que também procuram ilustrar as desgraças que nos envolvem, neste país mal-fadado. nos próximos dias esta dos feriados será o tema central...
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