"Pelo menos 40 mulheres foram mortas desde o início do ano"
Segundo dados do Observatório de Mulheres
Assassinadas, da organização feminista UMAR, entre Janeiro e Setembro foram assassinadas
40 mulheres em situações de violência doméstica. Nos primeiros seis meses deste
ano foram reportados à GNR e à PSP 13071 episódios, um aumento de 2.3% face a
dados de igual período do ano passado. O volume e gravidade deste tipo de
situações obriga à insistência na sua abordagem.
O mundo da violência doméstica é bem mais
denso e grave do que a realidade que conhecemos, ou seja, aquilo que se
conhece, apesar de, recorrentemente, temos notícias de casos extremos, é
"apenas" a parte que fica visível de um mundo escuro que esconde muitas
mais situações.
Por outro lado, para além da gravidade e
frequência com que continuam a acontecer episódios gravíssimos de violência
doméstica, é ainda inquietante o facto de que alguns estudos realizados em
Portugal evidenciam um elevado índice de violência presente nas relações
amorosas entre gente mais nova mesmo quando mais qualificada. Muitos dos
intervenientes remetem para um perturbador entendimento de normalidade o
recurso a comportamentos que claramente configuram agressividade e abuso ou
mesmo violência.
Importa ainda combater de forma mais
eficaz o sentimento de impunidade instalado, as condenações são bastante menos
que os casos reportados e comprovados, bem como alguma “resignação” ou
“tolerância” das vítimas face à situação de dependência que sentem
relativamente ao parceiro, à percepção de eventual vazio de alternativas à
separação ou a uma falsa ideia de protecção dos filhos que as mantém
num espaço de tortura e sofrimento.
Nesta perspectiva, torna-se fundamental a
existência de dispositivos de avaliação de risco e de apoio como instituições
de acolhimento acessíveis para casos mais graves e, naturalmente, um sistema de
justiça eficaz e célere que combata uma percepção de impunidade que ainda se
verifica .
Sem comentários:
Enviar um comentário