Por aqui no Monte assistia ao Jornal das 13 na RTP1. A certa altura é apresentada uma peça longa sobre a intervenção de um barco da marinha portuguesa no resgate a emigrantes que vindos de África tentam atravessar o Mediterrâneo em botes sobrelotados. Esta situação é uma tragédia inaceitável, milhares de pessoas mortas e roubadas num negócio que dá milhões. A Europa não consegue acomodar esta gente que luta pela sobrevivência mas vende direitos de residência a quem tenha dinheiro para os comprar. É a economia , estúpido.
A peça incluiu testemunhos devastadores, quer dos emigrantes resgatados quer da própria tripulação do navio português que revelaram a dificuldade em esquecer as reacções e caras de crianças e adultos e o estado em que são encontrados.
A peça sobre este drama sem fim acaba e o "pivot" anuncia profissionalmente a próxima notícia, a venda de artigos de luxo. Não pode ser.
Não sei como são alinhadas as peças, quais os critérios editoriais, quais os critérios de eficácia da comunicação televisiva. Sei, apenas, que me embaraça esta banalidade que nos torna espectadores distantes de dramas que julgamos longe e da compra e venda de artigos de luxo que para a maioria de nós também está longe, situações que não podem ser coladas. Existem valores, questões éticas e morais que não podem conviver sem um sobressalto.
Ou será que podem?
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