"Portugueses mais ricos ganham dez vezes
mais que os mais pobres"
O Primiro-ministro afirmou há dias de uma forma extraordinariamente elegante que contrariamente ao que é espelhado no velho enuciado "quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão", a crise não afectou mais o "mexilhão", as pessoas de mais baixos rendimentos, afectou as pessoas com nível económco mais alto.
O problema nestas coisas é que a realidade ... é a realidade e não a projecção dos desejos de Passos Coelho.
A OCDE vem agora afirmar que Portugal está um país mais desigual nestes últimos anos. O fosso entre ricos e pobres é o mais elevado dos últimos 30 anos. O rendimento dos 10% mais ricos é dez vezes superior ao rendimento dos 10% mais pobres.
Segundo o mesmo relatório, Portugal é um dos países em que as reformas mais longe estão dos salários auferidos antes da situaçãode reforma. Se considerarmos que os salários são dos mais baixos na Europa perceberemos as dificuldades dos pensionistas.
Na verdade, apesar das palavras (mal)ditas do Primeiro-ministro, os mexilhões foram atropelados pela crise. O pudor, o sentido de responsabilidade e e a sensibilidade deveriam aconselhar maior prudência.
5 comentários:
A propósito do seu post e tambem sobre a audição do Ricardo Salgado na Comissão Parlamentar de Inquérito, ocorre-me dizer: É TUDO GENTE HONESTA, MAS A CARTEIRA DO POBRE É QUE DESAPARECE!!!
VIVA!
"... de uma forma extraordinariamente elegante..."
Eh eh eh! Gostei desta ironia.
Já hoje tive dissabores à conta da elegância do primeiro ministro.
Dois alunos de 9º ano entraram sala de aula adentro, zangados, a vociferarem sobre um desentendimento ocorrido no intervalo, e um deles remata: "Vai-te lixar, pá!"
Tive que levantar a voz para os sossegar e pregar-lhes um raspanete, aproveitando para relembrar os níveis de língua e as variedades sociais do Português, tendo o rapazinho do dito acompanhado o pedido de desculpas com a atenuante: "Ó stora, agora até o primeiro ministro diz que quem se lixa é o mexilhão!"
Prontamente, saiu-me esta resposta:
"Pois, mas tu não vives em Massamá e não és primeiro ministro!"
Ficou-se tudo a rir, claro, e alguém retorquiu:
"Grande argumento, stora!"
Realmente, onde é que já se viu uma professora de Português sair-se com um argumento destes?!
Há um comentário eliminado por mim pois, sem saber como, foi registado repetidamente. As minhas desculpas.
É assim a vida no reino dos mexilhões. A sua história é engraçada. Os miúdos, contrariamente ao que por vezes pensamos, são atentos.
Enviar um comentário