“É preciso virar as salas de aula ao contrário”
É verdade que estamos na época natalícia e como tal com uma
especial tolerância a milagres e a ouros fenómenos capazes de com um estalar de
dedos mudar a realidade.
Vem esta estranha introdução a propósito da divulgação no
insuspeito Observador do miraculoso trabalho de Salman Khan, fundador da Khan
Academy, que já tem mais de 2000 vídeos no Youtube, vejam só 2000 vídeos, e “está
a revolucionar a educação”, isso mesmo, a revolucionar a educação.
Estive a assistir a alguns dos vídeos, dois mil é demais,
apesar de estar com algum tempo a minha dor ciática impede-me a concentração
mas, confesso, não fui tocado, não senti o chamamento do milagre.
Vislumbrei um conjunto de formas e de trabalho e de ideias,
fortemente apoiadas nas novas tecnologias com o seu sedutor efeito, que a generalidade
dos professores, DESDE QUE TENHA CONDIÇÕES RAZOÁVEIS DE TRABALHO, conhece e utiliza
de forma bem sucedida, sendo que de inovação vi pouco, embora sublinhe algo que
me é caro, por princípio, o chamado trabalho de casa, deveria ser realizado na
escola e o tempo de casa usado com outro tipo de tarefas que também serão úteis
pata a escola.
À excepção de meia dúzia de “sound bites” diria sem recorrer
a trocadilhos fáceis que a montanha pariu outro (C)rato. E vi uma mega produção
de forte impacto mediático e com boa imprensa com alguns produtos sem dúvida
interessantes, sem dúvida, mas sem propriedades mágicas.
Na verdade, é já o segundo iluminado que em pouco tempo
queria revolucionar a educação. Se bem se lembram, há algum tempo Nuno Crato
afirmou que se fosse Ministro implodia o Ministério da Educação e com a
generalização dos exames chegaria a panaceia para a educação portuguesa. Salman
Khan apenas acha “que é preciso virar as salas de aula ao contrário”, tarefa
reconhecidamente mais simples nos nossos territórios educativos em que muitas
das nossas escolas já estão no bom caminho, em milhares delas faltaram professores
durante quase dois meses.
A revolução provocada por Crato está à vista.
Aguardemos pelo milagre revolucionário de Salman Khan que
está apoiado pelo mecenato da Fundação Portugal Telecom.
Eu sou um agnóstico empedernido, mas estou disponível para a
acreditar.
A sério que estou.
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