"Jovens portugueses emigram para estudar sem pagar propinas"
Gostava de vos chamar a atenção para um trabalho do DN sobre
uma matéria que raramente é abordada e quando acontece, quase sempre é objecto
de alguns equívocos, as propinas universitárias pagas em Portugal e noutros
países.
Está a verificar-se que milhares de jovens portugueses estão
emigrar para realizar os seus estudos superiores em países em que as propinas são
mais baratas que em Portugal, não existem de todo ou são financiadas. Citam-se como
exemplos os casos da Dinamarca, Reino Unido ou o Canadá e a Austrália fora da
Europa.
Dado o recente episódio sobre as disparatadas afirmações de
Angela Merkel sobre os licenciados a mais que Portugal apresentará, vale a pena recordar
algo que nem todos saberão também. Na Alemanha não existem propinas nas
universidades. Há uns meses, a Baixa Saxónia foi o último estado alemão a abolir
as propinas. Deixem-me partilhar a afirmação da Ministra da Ciência e da
Cultura deste estado que justificou a decisão de tornar gratuito a frequência
do ensino superior “Livramo-nos das propinas porque não queremos que o Ensino
Superior dependa da riqueza dos pais”. Elucidativo da forma como é vista a qualificação
de nível superior.
Mais algumas notas. Segundo o Relatório "Sistemas
Nacionais de Propinas no Ensino Superior Europeu", divulgado em Outubro
pela Comissão Europeia, Portugal é um dos cinco países, entre
os 28 Estados membros da União Europeia, que cobram propinas a todos os alunos
do ensino superior. Integra também o grupo de países em que menos de metade
acede a bolsas de estudo.
Recordo que no início do ano um estudo patrocinado pela
Comissão Europeia em oito países da Europa revelava, sem surpresa, que Portugal
apresenta uma das mais altas percentagens, 38%, de jovens que gostava de
prosseguir estudos mas não tem meios para os pagar. É também
preocupante o abaixamento que se tem vindo a verificar de procura de ensino
superior apesar deste ano se ter registado uma pequena subida. As dificuldades
económicas são a principal razão para não continuar.
É ainda de relembrar que de acordo com o Relatório da
OCDE, Education at a glance 2013, Portugal é um dos países
europeus em que a frequência de ensino superior mais depende do financiamento
das famílias, cerca de 31% dos gastos de universidades e politécnicos. A média
da OCDE é 32% e a da União Europeia, 23,6%.
Como a atribuição de apoios sociais a estudantes em dificuldades
aos estudos tem sido revista em baixa é fácil perceber a opção de muito jovens
portugueses que, dificilmente, voltarão a Portugal de depois de terminada a sua
formação inicial pois as possibilidades de formação pós-graduada são também,
como sabemos, bastante mais acessíveis e diversificados na diversidade e na qualidade.
Este cenário mostra algo de verdadeiramente preocupante e ao
mesmo tempo mostra quanto alienada da realidade anda alguma rapaziada como o “Jota
Presidente” do PSD, Simão Ribeiro, que afirmava há dias para chefe ouvir e
registar, claro, que não foi Passos Coelho quem “mandou os jovens emigrar”, quando todos nos lembramos
das palavras de Passos Coelho e do facilitador, o “Dr.” Relvas.
A qualificação
é a melhor forma de promover desenvolvimento e cidadania de qualidade pelo que
apesar de ser um bem caro é imprescindível.
No entanto, os
tempos que atravessamos e o vento que sopra da 5 de Outubro não parecem muito
amigáveis.
Este país não
consegue ser para velhos e também manda embora os outros cada vez mais novos.
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