domingo, 28 de dezembro de 2014

ESTUDAR É CARO, PIRA-TE E ESTUDA LÁ FORA

"Jovens portugueses emigram para estudar sem pagar propinas"

Gostava de vos chamar a atenção para um trabalho do DN sobre uma matéria que raramente é abordada e quando acontece, quase sempre é objecto de alguns equívocos, as propinas universitárias pagas em Portugal e noutros países.
Está a verificar-se que milhares de jovens portugueses estão emigrar para realizar os seus estudos superiores em países em que as propinas são mais baratas que em Portugal, não existem de todo ou são financiadas. Citam-se como exemplos os casos da Dinamarca, Reino Unido ou o Canadá e a Austrália fora da Europa.
Dado o recente episódio sobre as disparatadas afirmações de Angela Merkel sobre os licenciados a mais que Portugal apresentará, vale a pena recordar algo que nem todos saberão também. Na Alemanha não existem propinas nas universidades. Há uns meses, a Baixa Saxónia foi o último estado alemão a abolir as propinas. Deixem-me partilhar a afirmação da Ministra da Ciência e da Cultura deste estado que justificou a decisão de tornar gratuito a frequência do ensino superior “Livramo-nos das propinas porque não queremos que o Ensino Superior dependa da riqueza dos pais”. Elucidativo da forma como é vista a qualificação de nível superior.
Mais algumas notas. Segundo o Relatório "Sistemas Nacionais de Propinas no Ensino Superior Europeu", divulgado em Outubro pela Comissão Europeia, Portugal é um dos cinco países, entre os 28 Estados membros da União Europeia, que cobram propinas a todos os alunos do ensino superior. Integra também o grupo de países em que menos de metade acede a bolsas de estudo.
Recordo que no início do ano um estudo patrocinado pela Comissão Europeia em oito países da Europa revelava, sem surpresa, que Portugal apresenta uma das mais altas percentagens, 38%, de jovens que gostava de prosseguir estudos mas não tem meios para os pagar. É também preocupante o abaixamento que se tem vindo a verificar de procura de ensino superior apesar deste ano se ter registado uma pequena subida. As dificuldades económicas são a principal razão para não continuar.
É ainda de relembrar que de acordo com o Relatório da OCDE, Education at a glance 2013, Portugal é um dos países europeus em que a frequência de ensino superior mais depende do financiamento das famílias, cerca de 31% dos gastos de universidades e politécnicos. A média da OCDE é 32% e a da União Europeia, 23,6%.
Como a atribuição de apoios sociais a estudantes em dificuldades aos estudos tem sido revista em baixa é fácil perceber a opção de muito jovens portugueses que, dificilmente, voltarão a Portugal de depois de terminada a sua formação inicial pois as possibilidades de formação pós-graduada são também, como sabemos, bastante mais acessíveis e diversificados na diversidade e na qualidade.
Este cenário mostra algo de verdadeiramente preocupante e ao mesmo tempo mostra quanto alienada da realidade anda alguma rapaziada como o “Jota Presidente” do PSD, Simão Ribeiro, que afirmava há dias para chefe ouvir e registar, claro, que não foi Passos Coelho quem “mandou os jovens emigrar”, quando todos nos lembramos das palavras de Passos Coelho e do facilitador, o “Dr.” Relvas.
A qualificação é a melhor forma de promover desenvolvimento e cidadania de qualidade pelo que apesar de ser um bem caro é imprescindível.
No entanto, os tempos que atravessamos e o vento que sopra da 5 de Outubro não parecem muito amigáveis.
Este país não consegue ser para velhos e também manda embora os outros cada vez mais novos.

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