"Nuno Crato interrompido por alunos que pedem a sua demissão"
Um grupo de alunos, docentes do ensino superior, bem como
investigadores, manifestaram-se ontem durante a intervenção do Ministro Nuno
Crato numa Conferência sobre Ciência realizada no ISCTE.
Mostraram uma faixa onde se lia “Parabéns Crato: O ensino e
a ciência nunca estiveram tão mal” e manifestaram-se até receberem um amável
convite para abandonar a sala. Esta manifestação é mais um incompreensível exemplo
de ingratidão face à política de Nuno Crato. Esta ingratidão começa a ser
preocupante.
Teve um episódio extremo quando o Primeiro-ministro afirmou
na sua linguagem popular e simpática que tinha poupado os “mexilhões” aos
efeitos da crise e, pasme-se, os mexilhões em vez de agradecerem tal humanidade
e solidariedade ainda protestaram. Não se entende mas é hábito nesta terra de
ingratos, pobres e mal agradecidos.
Relativamente ao ensino superior e ciência ainda menos se
compreende que protestem com a política genial definida por Nuno Crato. Vejamos.
Como se sabe, os estudantes docentes e investigadores têm
responsabilidade acrescidas de perceberem estas coisas, a quantidade é inimiga
da qualidade. É melhor ter poucos e torná-los muito bons do que ter muitos a
fazer qualquer tarefa correndo o sério risco de que a não façam bem.
Com este correcto entendimento, a construção de uma elite em
vez de alimentar uma massa de potenciais medíocres, Nuno Crato com a preciosa
ajuda das políticas de austeridade já criou condições para que alguns milhares
de alunos abandonassem o ensino superior por dificuldades económicas. Está
certo e é uma medida de largo alcance. De facto, a generalidade dos estudos
mostram que os alunos provenientes de meios mais favorecidos e económica e
socialmente são os que reúnem melhores condições para atingir a excelência. Levar
os outros a desistir é, pois, a aposta correcta.
Por outro lado, pelas mesmas razões, dificuldades
económicas, aumentam o número de alunos que acabam o secundário e não tencionam
frequentar o superior. Lá está, os que continuam são os que mais equipados
estão para percursos que os levem à excelência. Uma visão genial que alguns
ingratos não vislumbram e não agradecem.
Neste cenário, menos alunos, são precisos menos professores
pelo que não se renovam contratos ou se levam muitos docentes a sair numa
evidente prova de boa gestão dos dinheiros públicos e de adequação às
necessidades. Corre-se com os alunos, corre-se com os professores, uma fórmula
digna de um matemático genial como Nuno Crato.
Quanto à investigação, como se sabe, existiam por aí
milhares de investigadores que investigavam irrelevâncias e inutilidades como
muito bem caracterizaram Pires de Lima e Passos Coelho. Assim, tornou-se
necessário travar este desperdício brutal de dinheiro com a investigação, isso
é coisa para países ricos, os mais pobres devem investigar apenas aquilo que se
traduz num benefício imediato, produto ou serviço, para as empresas como
muito bem ilustrou Pires de Lima.
Para que o trabalho fosse bem feito, como sabem Nuno Crato é
um maníaco da perfeição, começa-se por cortar nas bolsas de investigação, boa
parte das quais alimentavam coisa nenhuma, assim cortaram-se 31% das bolsas de
doutoramento e 35% das bolsas de pós doutoramento. Quem não tem dinheiro não o
pode desperdiçar na investigação sem qualidade de um conjunto de irrelevâncias.
Mas o génio e a visão de Nuno Crato levaram-no mais longe. Para
mascarar o processo com uma capa de rigor e isenção encomendou a uma estrutura
exterior, a European Science Foundation, um processo de avliação dos Centros e
Unidades de Investigação e estabeleceu como objectivo que à partida deveria ser
eliminada metade das estruturas avaliadas.
A rapaziada da ESF cumpriu fielmente a encomenda e num
processo transparente claro e rigoroso acabou mesmo com, pelo menos, metade do
trabalho de investigação que se realizava em Portugal. A tarefa ainda não está
completa pois falta conhecer o resultado da segunda fase de avaliação.
Mais uma vez, de forma estranha e profundamente ingrata, a
esmagadora maioria da comunidade científica contestou este processo que apenas
procurou defender a qualidade, a competência e o rigor como muitas vezes nos
últimos tempos foi afirmado e sublinhado por Nuno Crato, pela Secretária de
Estado e pelo Presidente da FCT.
Neste cenário fica perfeitamente claro que o protesto de
estudantes, professores e investigadores realizado não passa de uma
manifestação gratuita, própria de uma terra de ingratos, que se tornam incapazes
ou não querem perceber a visão genial de Nuno Crato ou então fazem-no com
intenções inconfessáveis.
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