sábado, 13 de dezembro de 2014

MIÚDOS EM SOFRIMENTO, ADULTOS EM SOFRIMENTO

"Está a chegar a altura do ano em que a subcomissária Aurora ameaça cortar crianças ao meio, à catanada"


No Público encontra-se um trabalho sobre as crianças, os tratos que sofrem e as consequências para as crianças do desentendimento de pais separados, em particular na época natalícia que se avizinha e que tradicionalmente assenta em reuniões familiares. Deixando de lado a tragédia dos maus tratos, algumas notas relativas à separação dos pais e aos seus efeitos.
Apesar de em algumas separações conjugais as pessoas continuarem a viver em conjunto por dificuldades económicas, os estudos na área da sociologia familiar têm vindo a evidenciar um aumento do número de divórcios, relativizado ao número de casamentos, que parece ligado, entre outras razões, a alterações na percepção social da separação, menos “punitiva” e “culpabilizante” para os envolvidos. Estará a criar-se assim uma situação mais favorável, até do ponto de vista legal, à facilidade do processo de divórcio o que poderá levar a decisões, cuja bondade não avalio, que podem ser apressadas, por decisão não assumida por ambos e não antecipando a necessidade de minimizar eventuais impactos, sobretudo quando existem filhos como é o caso que motiva estas notas.
Neste quadro, podem emergir nos adultos, ou num deles, situações de sofrimento, dor e/ou raiva, que “exigem” reparação e ajuda. Muitos pais lidam sós com estes sentimentos pelo que os filhos surgem frequentemente como o “tudo o que ficou” ou o que “não posso, não quero e tenho medo de também perder”. Poderemos assistir então a comportamentos de diabolização da figura do outro progenitor, manipulação das crianças tentando comprá-las (o seu afecto), ou, mais pesado, a utilização dos filhos como forma de agredir o outro o que torna necessária a intervenção reguladora de estruturas ou serviços que se deseja oportuna no tempo e eficaz na ajuda. São por demais conhecidas situações desta natureza, muitas envolvendo figuras públicas que são objecto de larga e excessiva cobertura mediática, que se desenvolvem de forma a inibir possibilidade retorno e minimização de consequências.
É obviamente imprescindível proteger o bem-estar das crianças, o superior interesse da criança, o princípio fundador do olhar actual sobre crianças e jovens mas não devemos esquecer que, em muitos casos, existem também adultos em enorme sofrimento e que a sua eventual condenação, sem mais, não será seguramente a melhor forma de os ajudar. 
Ajudando-os, os miúdos serão ajudados e protegidos. Também aqui a imprensa deveria sentir-se obrigada a não esquecer o superior interesse da criança. já que os pais, em sofrimento por demasiados centrados em si mesmos, perdem lucidez para o fazer.
Quero ainda sublinhar que, por princípio, prefiro uma boa separação a uma má família.

2 comentários:

Anónimo disse...

sofrimento E semptr dor para todos envolvidos mas tb os alheios solidarios como eu em tudo no k faz o sofrer.

armenio mozes disse...

sofrimento nao deveria existir,nas familias i menos ainda nos filhos que sao alheios ao k os pais provocam.