"Já não sou um liberal. O Estado tem de ter força"
Numa muito curiosa entrevista ao Público, Carlos Abreu
Amorim, o coordenador dos deputados do PSD na Comissão de Inquérito Parlamentar
ao caso do BES acaba por concluir que esta riquíssima experiência mudou
substantivamente a sua maneira de pensar, “Já não sou um liberal. O Estado tem
de ter força”, afirma convicto. Sentiu, por assim dizer, um chamamento, e converteu-se.
Este rapaz tem um sentido de oportunidade e mudança particularmente afinado. Vai longe, pelo menos esforça-se.
Recordo o alarido causado quando resolveu apelidar de “magrebinos”
o pessoal que não apoiava o seu FCP, sobretudo os que tinham a infeliz e
estúpida ideia de apoiar o Benfica. Está certo, os mouros são gente de mau
gosto e que procedem a más escolhas.
Por falar em más escolhas, também me lembro de Carlos Abreu
Amorim ter sido imposto pelos chefes partidários como candidato nas autárquicas
à Câmara de Gaia, concelho com o qual não tem qualquer afinidade e, naturalmente,
ter levado um banho.
Também me lembro das críticas que resolveu fazer a Vítor
Gaspar quando este abandonou o Governo. É evidente que criticar o Ministro
quando ele estivesse exercício é mais difícil, poderia até custar o lugarzinho
de deputado que tanto trabalho dá a conseguir.
Finalmente, esta sim teve graça, é homem de um fino sentido
de humor, recordo que em Janeiro ter afirmado que Cavaco Silva acerta … quando
está calado.
Talvez esta a sua recente afirmação sobre a sua mudança “ideológica,
por assim dizer, tenha sido um regresso a este entendimento. Carlos Abreu
Amorim acerta … quando está calado.
De qualquer forma registo a mudança no discurso de Carlos Abreu Amorim. Talvez 2015
traga outras mudanças nos discursos dos deputados. Talvez boa parte deles resolva
começar a representar os interesses de quem os elegeu e não os interesses que
quem lhes manda carregar no botãozinho certo na hora certa, guardando a
consciência na gaveta da secretária.
A ver vamos.
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