"Alunos de robótica do Minho adaptam brinquedos para crianças com deficiência"
Após algum tempo de interrupção alunos e docentes do grupo de Robótica da
Universidade do Minho retomam o processo de adaptação de brinquedos de forma a
poderem ser usados por crianças com necessidades especiais. A meritória
iniciativa contava com a “boa vontade” e “solidariedade” de fabricantes no fornecimento
de brinquedos que foi revista em baixa, por assim dizer, obrigando à paragem.
Este ano o grupo de Robótica decidiu retomar a iniciativa pedindo
às pessoas brinquedos usados que possam ser adaptados e entregues a
instituições. Algumas notas.
Em primeiro lugar deve registar-se a iniciativa dos
investigadores da Universidade do Minho na promoção da acessibilidade de crianças
com necessidades especiais à utilização de brinquedos.
Parece-me ainda interessante a indisponibilidade dos
fabricantes para colaborar. Este universo, o das crianças com necessidades
especiais é, evidentemente, um universo com pouca visibilidade pelo que o eventual
retorno do investimento em “generosidade” não será certamente atractivo. As “popotices”
são bastante mais rentáveis, como é óbvio.
A adaptação de brinquedos para os meninos com necessidades
especiais é, evidentemente, uma iniciativa positiva. No entanto, em matéria de
brincadeiras e do meu ponto de vista, o mais importante é que os meninos com
necessidades especiais tenham oportunidades de brincar com os seus colegas das
mesmas idades, com maior ou menor dificuldade de manipulação dos brinquedos. Se
o fizerem em conjunto essas dificuldades são minimizadas, juntos, todos ficam
mais capazes.
A minha inquietação é que, apesar de algumas boas práticas
que se saúdam, em muitos espaços educativos, mesmo os que se reclamam de
inclusivos, são curtos os espaços de brincadeira que envolvam TODAS as crianças
e verifica-se com alguma frequência a existência de espaços “guetizados” em que
brincam juntos os meninos “normais” e brincam juntos os meninos “especiais”, às
vezes até em horas diferentes para não “atrapalhar”. Em nome da inclusão, evidentemente.
Aliás, não será certamente por acaso que os brinquedos,
depois de adaptados pelo grupo de Robótica, serão entregues a instituições que
os distribuirão pelos destinatários.
Com estas considerações não pretendo beliscar o valor da
iniciativa dos colegas da Universidade do Minho, antes pelo contrário, registar
a sua importância, mas, apenas sublinhar o que tenho vindo a defender
insistentemente, a inclusão define-se pela participação nas actividades comuns,
essa participação é, também promotora de acessibilidades e capacidades porque …
juntos fazemos melhor e mais.
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