"Pais e directores temem que atraso na colocação de professores provoque danos "irreparáveis""
Sem estranheza coube às escolas, professores, alunos e pais
tentar apagar um fogo que a arrogância e incompetência do MEC na colocação de
professores ateou e que, do meu ponto de vista, deixará marcas que a curto
prazo dificilmente serão eliminadas, quando muito serão atenuadas como
directores e pais estão a reconhecer. A compensação era, evidentemente uma
tarefa imprescindível é difícil e complexa e não existia a forma perfeita de o
fazer, apenas a possível, a menos má.
A grande preocupação dos dispositivos de compensação tem
sido com os alunos atropelados pela incompetência do MEC que e frequentam anos ou disciplinas com
exames nacionais.
Como o nosso ensino e educação se está de mansinho a transformar em
aulas de preparação para exames entende-se a opção.
De resto … tudo bem. Para os alunos de anos sem exame e para
as disciplinas não sujeitas a exame o tempo vai ajudar a recuperar.
Boa parte das escolas afectadas integram TEIPs, ou seja, a
incompetência do MEC destratou escolas com características de maior fragilidade
mas o tempo vai, certamente, ajudar a recuperar.
A organização e conteúdos curriculares, de natureza mais
fechada e extensos, a que se junta um conjunto de metas curriculares que foram
definidas de uma forma exaustiva e burocratizada torna bastante mais difícil a
introdução de ajustamentos. Isto quer dizer que mais de um mês sem aulas implicou
que muitos conteúdos programáticos deveriam ter sido abordados e o tempo que
resta estará, sem grande margem, hipotecado pelos conteúdos que nesta altura
deveriam estar a ser trabalhados. Mas desde que não sejam disciplinas ou anos
com exame, tudo bem, o tempo vai ajudar a recuperar.
Também é sabido que muitas famílias afectadas têm estado a
recorrer a explicações para atenuar à falta de aulas. Percebe-se obviamente a
decisão, mas também é claro que esta situação alimenta assimetrias e a
desigualdade de oportunidades, quando, para complicar, se atravessa um período
de enormes dificuldades para as famílias. Mas o tempo vai ajudar a promover
igualdade de oportunidades.
Uma palavra ainda para um grupo que também neste processo
foi completamente atropelado e cuja situação é menos divulgada, a dos alunos
com necessidades educativas especiais que, por falta de professores e de
técnicos estiveram, estão(?) em casa ou "entregados" em escolas em condições
que contrariam o que legalmente está definido ou mesmo juntos numa sala sem a
realização do trabalho educativo que por necessidade é imprescindível e a que
têm direito. Não levantam grande problema vão crescendo e encaminham-se para
instituições em algumas muitas das quais realizam actividades que, só por si,
são debilizantes e inibidoras de desenvolvimento e aquisição de competências
para além de comprometer algo de inegociável a participação em contexto real
das actividades reais dos seus companheiros de idade.
No que respeita ao MEC, exceptuando a figura menor que se
demitiu por causa dos erros na fórmula de cálculo que ordenaria os professores,
não aconteceu nada.
Aliás, como todos nos recordamos, o MEC decretou que o ano
lectivo se iniciou com toda a normalidade.
Porque razão haveria de acontecer alguma coisa?
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