Houve um tempo em que as pessoas
de diferentes terras decidiram realizar provas de canoagem. Cada canoa tinha
onze tripulantes.
Depois de várias provas
verificava-se que a canoa que representava aquela terra onde acontecem coisas
ficava quase sempre em último lugar. Tentando perceber a razão de tão magros
resultados os responsáveis daquela terra criaram um grupo de trabalho altamente qualficado e muito bem pago para
analisar a questão e, naturalmente, propor soluções.
A profícua, demorada e cara
análise do grupo de trabalho mostrou que, de uma forma geral, as canoas das
outras terras tinham um timoneiro e dez remadores enquanto a canoa da terra
onde acontecem coisas tinha um director-geral, dois assessores, dois
subdirectores-gerais, dois directores de serviço, três chefes de divisão e um
remador.
Ao constatar tal cenário, o grupo
de trabalho logo viu a razão dos sucessivos maus resultados e promoveu as
mudanças necessárias. Assim, a tripulação passou a contar com um
director-geral, um assessor, dois subdirectores-gerais, dois directores de
serviço, quatro chefes de divisão e procederam também à substituição do remador
tendo enviado o outro para um processo de
requalificação e mobilidade.
Acontece que nas provas seguintes
os resultados continuaram a ser péssimos e sentiu-se a necessidade de se
tomarem, finalmente, medidas drásticas. Assim, a toda a tripulação foi
atribuído um aumento de vencimento e um prémio de produtividade à excepção do
remador que foi despedido com justa causa após um processo que evidenciou
inaptidão funcional.
Serve esta história para comentar
a notícia do I segundo a qual o Governo anunciou em Setembro de 2011 que teria reduzido em 1700 os
cargos dirigentes na Administração Pública Central. Os dados mais actuais do
Ministério das Finanças mostram que o corte não ultrapassa os 500 lugares de
chefia.
Parece-me importante recordar um trabalho também do I de 201, segundo o qual a administração pública apresentava um rácio de 1 dirigente para 45 trabalhadores, existindo serviços em que a
relação era de um para cinco. Aliás, nessa altura e segundo a proposta do Governo
existiam autarquias que teriam de prescindir de mais de metade dos lugares de
chefia existentes.
Na verdade, também no que
respeita à administração local, apesar das boas práticas que também existem,
todos reconhecemos, que a proliferação de “chefes” se constitui como uma forma
de gerir interesses que não só a qualidade dos serviços prestados e o bem-estar
dos munícipes, de todos os munícipes, é claro.
Por outro lado e como sabem, a flexibilização do despedimento dos "remadores" prosseguiu de forma "bem sucedida". Nas canoas da educação, por exemplo, de 2011 para cá saíram 30 000 remadores.
Por outro lado e como sabem, a flexibilização do despedimento dos "remadores" prosseguiu de forma "bem sucedida". Nas canoas da educação, por exemplo, de 2011 para cá saíram 30 000 remadores.
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