Era uma vez um rapaz chamado O
Tal. Na escola onde andava, há já quatro anos, era extremamente conhecido,
pelos alunos, pelos professores e funcionários e até por alguns pais de outros
alunos. As opiniões dividiam-se, uns, poucos, gostavam do O Tal, outros nem por isso,
muitos detestavam-no, mas todos o conheciam.
O Tal tinha um comportamento que
não passava despercebido o que contribuía, naturalmente, para ser tão popular.
Em muitas encrencas no recreio ou em qualquer outra cena mais agitada O Tal
aparecia envolvido, directa ou indirectamente. Até acontecia que, mesmo quando
O Tal era completamente alheio ao incidente, as pessoas sempre o associavam à
situação. Poucos professores tinham algum interesse pelo O Tal e a maioria
desejava que não fizesse parte das suas turmas. Entre os colegas, muitos
gostavam dele porque fazia umas tropelias com que eles gozavam, se divertiam, e
andavam por perto sempre na expectativa da próxima façanha do O Tal.
O Tal habituou-se tão fortemente
a este funcionamento que se organizava para corresponder ao que toda a gente
aprendeu a esperar da sua parte. O Tal já não era um rapaz, era um personagem
que ele desempenhava muito bem, aliás, era mesmo aquilo que melhor fazia na
vida.
Ninguém sabia que muitas vezes
antes de dormir, O Tal pensava em si e sentia-se só, muito só, e com muitas
saudades de quando era apenas um Rapaz, ainda não era O Tal. Mas, no dia
seguinte voltava a vestir a pele do personagem e era de novo O Tal, que, de
mansinho, ia entristecendo para dentro, de solidão.
Já conheci outros como O Tal.
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