domingo, 16 de abril de 2017

É TÃO TRISTE NÃO SABER LER

O JN de ontem trata com chamada a primeira página um problema que me parece subvalorizado, o analfabetismo.
Estima-se em 500 000 o número de pessoas analfabetas sendo que serão cerca de 150 000 as que têm entre 15 e 65 anos.
Segundo a PORDATA e considerando os Censos de 2011 teríamos uma taxa de analfabetismo de 5.15%. Sendo certo que este dado representa um salto relevante face a 25.7% em 1970 ainda mantemos uma taxa demasiado elevada. A educação de adultos é hoje uma área de forte investimento em diversos sistemas educativos mesmo em países taxas de alfabetização bastante acima das nossas.
Se à taxa de analfabetismo acrescentarmos o analfabetismo funcional, pessoas que foram escolarizadas mas que não mantêm competências em literacia, a situação é verdadeiramente prioritária, atingirá certamente pelo menos dois milhões de portugueses.
Também por estas razões continuo a pensar que não tenhamos tantos professores a mais como muitos discursos e políticas sustentam e muitos professores com anos de experiência avaliada e tratados como descartáveis teriam muito trabalho nesta área.
Os custos pessoais e sociais para as pessoas nesta situação, em várias dimensões, e o impacto económico da falta de competências em literacia justificaria um fortíssimo investimento em minimizar a situação até ao limite possível. Como sempre trata-se de matéria de opções políticas e visão de sociedade.
Tantas vezes é preciso afirmar, os custos em educação não representam despesa, são investimento e com retorno garantido.
A propósito do analfabetismo aqui pelo Alentejo canta-se:
(…)
É tão triste não saber ler
Como é triste não ter pão
Quem não conhece uma letra
Vive numa escuridão
(…)

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