Como é sabido foi decidido pelo
ME a redução do número de alunos por turma começando no próximo ano pelas
escolas que integram TEIPs e pelos primeiros anos de cada ciclo.
A avaliação do número de alunos
envolvido pela medida tem gerado alguma controvérsia. Nada de novo, os números
na educação nunca dão certo, estranho seria que estes não levantassem discussão.
Do meu ponto de vista e sem desvalorizar a questão do rigor, um elemento
escasso em boa parte dos discursos políticos e institucionais, gostava de
retomar alguns aspectos.
O número de alunos por turma é
apenas umas das muitas variáveis associadas ao maior ou menor sucesso do
trabalho de alunos e professores.
Nesta conformidade e sabendo-se
do potencial impacto positivo qualquer orientação no sentido de o baixar tem
contornos positivos mas importa no entanto não perder de vista outras
dimensões.
Um dos aspectos que me parece
central nesta matéria e que também está na agenda, será a autonomia das
escolas. Dentro do que entendo por verdadeira autonomia das escolas, deveriam
estas ter a competência para definir e organizar as turmas embora aceite a
existência de orientações nesse sentido.
Aliás, também com base na
autonomia das escolas poderiam ser consideradas outras opções como a presença
de dois professores em sala de aula. Em algumas circunstâncias pode ser mais
vantajosa que a redução do número de alunos por turma e, por outro lado, várias
escolas terão turmas com efectivos abaixo do que agora se estabelece como
limite.
Ainda neste âmbito gostava de ver
discutido o impacto que os modelos de organização, funcionamento e gestão de
recursos das escolas têm no trabalho docente. A carga de burocracia, a redundância
da recolha e tratamento de múltipla informação em múltiplos suportes desde as velhas
grelhas aos mais recentes “excel” e plataformas criam um volume de trabalho
parte do qual, peço desculpa pelo atrevimento, me parece desperdício muitas
vezes pouco produtivo do esforço e do trabalho de profissionais qualificados.
Por outro lado, para além das variáveis
de contexto que não se confinam ao pertencer a um TEIP, devem ser também
consideradas as especificidades ao nível da tipologia de escola e oferta
educativa, recursos humanos (docentes, técnicos e funcionários)
Acresce nesta matéria a
importância da qualidade do trabalho em turmas com alunos com necessidades
educativas especiais o que, evidentemente, deve ser considerado na análise do
efectivo de turma, desde logo cumprindo o que está legislado.
Neste quadro a discussão sobre
quantos alunos serão abrangidos pela medida, apesar de não a desvalorizar,
parece-me pouco potente no sentido da promoção de mais sucesso para alunos e
professores.
Se nada mais for pensado e tanto
quanto possível ajustado, apesar do potencial positivo ao nível do princípio, o
impacto real em cada aluno pode não ser o desejado por toda a gente.
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