Algumas vezes as pessoas ficam
surpreendidas quando comentam qualquer coisa como “Que bom, está mais um dia bonito, cheio de Sol!” e eu
respondo “Não, mais um dia sem chuva, a coisa está a correr mal”. Sem grande
convicção lá entendem o meu ponto de vista apesar de estranharem que é produzido por um tipo que utiliza mota diariamente. No entanto, acho que continuam mesmo
satisfeitas com mais um excelente dia.
Serve esta introdução para
referir o texto interessante de António Guerreiro no Público, “O Inferno,
diz-vos algo?”
É de ler.
(…)
“O homem da cidade vive numa ficção climática para crianças e já não sabe quando e quanto deve chover. Ele acha, aliás, que nunca devia chover nem fazer frio. E que o céu devia ser azul para sempre. Ao serviço do homem da cidade, da sua ignorância e irresponsabilidade nesta matéria, estão os jornais,a televisão, a rádio, a publicidade, toda a informação, os poderes públicos, o poder político. Todas estas vozes — unânimes — o persuadiram de que um mundo feliz é aquele em que nem uma gota de água cai do céu e nem uma nuvem o escurece para vir perturbar os momentos de lazer ou dificultar a chegada ao emprego. Por isso, ninguém atende às vozes minoritárias, anacrónicas e sem acesso ao espaço público, que gritam “isto é o inferno”. Se as mudanças climáticas representam uma nova forma de apocalipse, então este não é universal.”
(…)
As alterações climáticas podem mesmo trazer o verdadeiro inferno.
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