Agora trata-se do jogo Baleia Azul, logo depois será uma outra qualquer ideia. Não parece importante falar do
que é o “jogo” Baleia Azul, parece-me essencial, isso sim, reflectir sobre o
conjunto de razões pelas quais adolescentes e jovens se envolvem em situações
desta natureza com riscos graves, incluindo automutilação e suicídio.
Na verdade, este envolvimento é um
sinal muito forte do mal-estar que muitos adolescentes e jovens sentem. Em
muitas situações não conseguimos estar suficientemente atentos. Recordo um estudo
da Universidade de Coimbra que envolveu 2.863 adolescentes, entre os 12 e os 19
anos, a frequentar o 3.º ciclo e o ensino secundário em escolas do distrito de
Coimbra cerca de 20% afirma já ter desencadeado comportamentos autolesivos pelo
menos uma vez na vida.
Este mal-estar o que daí pode
emergir decorre com alguma frequência situações de sofrimento com as mais
diversas origens, relações entre colegas, bullying por exemplo nas suas
diferentes formas, ou relações degradadas em família que facilitam a instalação
de sentimentos de rejeição, ausência de suporte social, facilitadoras de
comportamentos autodestrutivos.
Começa também a emergir como
causa deste mal-estar a dificuldade que algumas crianças e adolescentes sentem
em lidar com situações de insucesso escolar. Estas dificuldades são
frequentemente potenciadas pela pressão das famílias e pelo nível de competição
que por vezes se instala.
O sofrimento e mal-estar induzem
uma espiral de comportamentos em que os adolescentes causam a si próprios
sofrimento que promove mais sofrimento num ciclo insuportável e com níveis de
perplexidade, impotência e sofrimento para as famílias também
extraordinariamente significativos.
Depois das ocorrências torna-se
sempre mais fácil dizer qualquer coisa mas é necessário. Muitas crianças e
adolescentes evidenciam no seu dia-a-dia sinais de mal-estar a que, por vezes,
não damos atenção, seja em casa, ou na escola espaço onde passam boa parte do
seu tempo.
De facto em muitos casos,
designadamente, em comportamentos de automutilação, pode ser possível perceber
sinais e comportamentos indiciadores de mal-estar. Estes sinais não podem, não
devem, ser ignorados ou desvalorizados. É também importante que pais e
professores atentos não hesitem nos pedidos de ajuda ou apoio para lidar com
este tipo de situações.
Muitos pais, diz-me a
experiência, sentem-se de tal forma assustados que inibem um pedido de ajuda
por se sentirem impotentes e perplexos.
O resultado pode ser trágico e obriga-nos a uma atenção redobrada aos discursos e comportamentos dos adolescentes.
O resultado pode ser trágico e obriga-nos a uma atenção redobrada aos discursos e comportamentos dos adolescentes.
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