Parece globalmente positiva a
ideia de aumentar a oferta formativa e a procura no âmbito do ensino
profissional.
De uma forma simples o grande
objectivo de um sistema educativo será que os jovens, todos os jovens, à saída
do sistema se encontrem equipados com qualificação pessoal e profissional, quer
ao nível do ensino secundário, quer ao nível do ensino superior que com o
trabalho no âmbito do ensino politécnico tem condições para processos de
qualificação mais curtos e mais diversificados. De facto só por uma vida de
diferenciação de percursos e de oferta educativa parece possível atingir o
objectivo enunciado, aceder a alguma forma de qualificação, pois será a melhor
forma de combater a exclusão e responder mais eficazmente à principal
característica de qualquer sala de aula actual, a heterogeneidade dos alunos.
Aliás, a oferta formativa de natureza profissional no âmbito do ensino
secundário que também está a acontecer pode ser um passo nesse sentido e tem
contribuído para baixar os níveis de abandono. Importa, no entanto, garantir
que esta oferta não seja preferencialmente dirigida para os "que não
servem" para a escola ou assim percebida por parte da comunidade
educativa, tanto na escola como nas famílias. Estes equívocos decorreram também
dos discursos e procedimentos adoptados em muitas escolas e envolveram alunos e
famílias.
Assim, tenho registado os avanços
realizados na diversificação da ofertam formativa verificada nos últimos anos e
agora reforçada. Por outro lado, o crescimento exponencial da oferta tem vindo
a levantar sérias reservas face à natureza da oferta formativa e à qualidade da
formação providenciada e ainda não se conseguiu alterar significativamente a
perspectiva desvalorizada de muitos professores, alunos e famílias.
Por outro lado, este tipo de
oferta tem de ser adequado às comunidades educativas e dotada dos recursos e
meios necessários bem como de maior e efectiva autonomia das escolas. Como tem
sido referido em diferentes avaliações e pelas direcções escolares esta
situação está longe de acontecer.
Julgo ser de sublinhar que todos
os alunos deverão cumprir uma escolaridade de 12 anos e que a idade de entrada
no mercado de trabalho é aos 16 o que deve ser ponderado no desenho de ofertas
formativas que envolvam trabalho em empresas. Aliás, esta questão deve, é uma
forte convicção, ser também considerada quando se trata de alunos com
necessidades especiais que ao abrigo de um dispositivo estranhamente designado
por Currículo Específico Individual são em algumas circunstâncias sujeitos a
situações pouco claras que de educação, formação ou inclusão têm pouco, seja em
espaço escolar, seja em espaço institucional ou laboral. Também por isto o
modelo que estava em vigor parece francamente desajustado tendo sido
desencadeada a sua generalização sem que nessa altura tivesse terminado a sua
avaliação.
A diferenciação dos percursos é
necessária e imprescindível, incluindo o ensino profissional, mas, reafirmo,
deve surgir mais tarde, disponível para todos os alunos como se verifica na
maioria dos sistemas educativos que se preocupam com os alunos, com todos os
alunos. O que deve estar disponível desde sempre são dispositivos de apoio
suficientes, competentes e oportunos a alunos e professores e alguma
diferenciação que permita acomodar melhor a diversidade dos alunos.
Preferia que alterações nesta
matéria fossem coerentes com os ajustamentos nos currículos ou mesmo na
organização dos ciclos. Mudanças parcelares e desfasadas podem assumir um
carácter avulso e desarticulado.
Finalmente, julgo que este caminho de
diferenciação de percursos deveria ser também acompanhado pelo acréscimo real de
autonomia e recursos das escolas e agrupamentos incluindo a dimensão curricular e a oferta
educativa.
1 comentário:
Boa Tarde Caro Professor, algumas considerações, neste momento os centros de formação do IEFP não tem material adequado para formação (muitas vezes obsoletos),referenciais de formação que são desadequados (não são actualizados há 10 anos), os formadores, são pagos a recibo verde. (No IEFP Seixal, para os cursos de cozinha/pastelaria são os formadores que pagam dos bolso deles farinha,açúcar entre outros).
Por ultimo, ainda pouco se investe nas áreas tecnológicas, continua a preferir-se cursos como empregado de mesa.
Cumprimentos
Ana.
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