De há muito que entendo a
necessidade de ajustar quer a organização do ensino básico quer as áreas
disciplinares e respectivos conteúdos tendo também aqui referido algumas ideias
sobre esta questão que vão, aliás, na linha do que se encontra em outros países
com sistemas educativos com bons resultados.
Sei também da enorme complexidade
de mudanças nestas áreas até pelo impacto que poderá ter na organização da
carreira e formação dos docentes para além da multiplicidade de variáveis a
considerar.
Assim sendo, o quer que venha a
ser realizado deve acontecer com uma enorme prudência, reflexão aprofundada e
com a participação o mais abrangente possível dos diversos actores e entidades
envolvidos.
Como afirmei a propósito da
mudança no sistema de avaliação, depressa e bem não há quem. O mesmo se deve
considerar sobre o movimento de flexibilização curricular que será ensaiado em
algumas escolas e agrupamentos no próximo ano lectivo.
Objectivos globalmente positivos
podem ser comprometidos por más metodologias, calendários de mudança
inadequados ou a não antecipação das condições e requisitos necessárias aos
processos de mudança. O caso das provas de aferição de educação física e as
condições inexistentes ou de péssima qualidade em muitas comunidades educativas
para a sua realização e para o funcionamento destas áreas do currículo já mostraram estes riscos.
Os directores de escolas e agrupamentos
alertam agora para que em muitas escolas as condições existentes e os recursos
disponíveis criarão sérias dificuldades ao movimento de flexibilização
curricular. O Ministro grante no entanto a existência de condições. Veremos como corre mas espero que bem.
De facto, importaria que as mudanças
ou experimentação em educação não se realizassem de forma apressada, sem um consenso tão
sólido quanto possível sobre conteúdos e calendário e a consideração prévia das condições e requisitos que sustentem as mudanças em execução e que, reafirmo,
me parecem necessárias e num sentido positivo.
Como muitas vezes refiro, é tão
importante "fazer as coisas certas como fazer certas coisas". Se bem
repararmos nem sempre isto se verifica, mesmo na nossa acção individual. Em
políticas públicas é ainda mais necessário.
É claro o risco de transformar
algo de positivo num problema. Eu sei que não é fácil prever tudo mas existem
situações em que as falhas devem ser mínimas. Poder criar-se um efeito e uma
representação negativa sobre a mudança, alimentam-se as opiniões críticas face
a essa mudança, surgem dificuldades dispensáveis aos alunos e escolas e
finalmente, comprometem-se os próprios resultados.
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