sábado, 8 de abril de 2017

FAZER AS COISAS CERTAS MAS TAMBÉM FAZER CERTAS AS COISAS

De há muito que entendo a necessidade de ajustar quer a organização do ensino básico quer as áreas disciplinares e respectivos conteúdos tendo também aqui referido algumas ideias sobre esta questão que vão, aliás, na linha do que se encontra em outros países com sistemas educativos com bons resultados.
Sei também da enorme complexidade de mudanças nestas áreas até pelo impacto que poderá ter na organização da carreira e formação dos docentes para além da multiplicidade de variáveis a considerar.
Assim sendo, o quer que venha a ser realizado deve acontecer com uma enorme prudência, reflexão aprofundada e com a participação o mais abrangente possível dos diversos actores e entidades envolvidos.
Como afirmei a propósito da mudança no sistema de avaliação, depressa e bem não há quem. O mesmo se deve considerar sobre o movimento de flexibilização curricular que será ensaiado em algumas escolas e agrupamentos no próximo ano lectivo.
Objectivos globalmente positivos podem ser comprometidos por más metodologias, calendários de mudança inadequados ou a não antecipação das condições e requisitos necessárias aos processos de mudança. O caso das provas de aferição de educação física e as condições inexistentes ou de péssima qualidade em muitas comunidades educativas para a sua realização e para o funcionamento destas áreas do currículo já mostraram estes riscos.
Os directores de escolas e agrupamentos alertam agora para que em muitas escolas as condições existentes e os recursos disponíveis criarão sérias dificuldades ao movimento de flexibilização curricular. O Ministro grante no entanto a existência de condições. Veremos como corre mas espero que bem.
De facto, importaria que as mudanças ou experimentação em educação não se realizassem de forma apressada, sem um consenso tão sólido quanto possível sobre conteúdos e calendário e a consideração prévia das condições e requisitos que sustentem as mudanças em execução e que, reafirmo, me parecem necessárias e num sentido positivo.
Como muitas vezes refiro, é tão importante "fazer as coisas certas como fazer certas coisas". Se bem repararmos nem sempre isto se verifica, mesmo na nossa acção individual. Em políticas públicas é ainda mais necessário.
É claro o risco de transformar algo de positivo num problema. Eu sei que não é fácil prever tudo mas existem situações em que as falhas devem ser mínimas. Poder criar-se um efeito e uma representação negativa sobre a mudança, alimentam-se as opiniões críticas face a essa mudança, surgem dificuldades dispensáveis aos alunos e escolas e finalmente, comprometem-se os próprios resultados.

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