Para a semana continua mas por
esta semana a azeitona colhida está no lagar. Está a ser melhor que o ano
passado, veremos se não cai a que ainda temos por colher.
Na apanha da azeitona ainda
usamos o velho método, é coisa brava, com o frio serve para aquecer mas hoje o
dia vai brando.
Os braços ficam moídos de varejar
e carregar mas impressionante mesmo, é ver a resistência do Velho Marrafa,
homem de mais de setenta anos e que ainda tem a gentileza e generosidade de me
deixar trabalhar com a vara mais leve, ameaçando seriamente a minha auto-estima
mas protegendo os meus braços e costas.
Este ano temos a ajuda do filho,
outro Zé Marrafa, as minhas costas já não são o que eram e as varas parecem
mais pesadas. Ou então é impressão minha.
O Velho Marrafa tem um
entendimento que eu não me atrevo a discutir sobre a apanha da azeitona aqui no
monte, isto é, ao mesmo tempo que se apanha a azeitona procede-se à limpeza das
oliveiras. O resultado é que me transformo num agricultor em apuros,
estendem-se os panos, colhe-se a azeitona numa catártica actividade de
varejamento, corta-se o que há a cortar nas árvores com a motosserra, ensaca-se
e carrega-se no tractor. Depois lá vamos a caminho do lagar para a pesagem e
entrega. Ainda fica o tratar da lenha sobrante, esgalhar os ramos e traçar a
mais grossa para a lareira e para a salamandra, nada se perde. É isso que
estamos agora a fazer o resto do dia.
O tempo de espera no lagar, hoje
curtinho, passa-se nas lérias e os temas de conversa vão surgindo mas quase
sempre, não podia deixar de ser, andam à volta dos enleios e das molengas em
que a vida da gente se transformou e da pouca rentabilidade que tanto trabalho
dá.
Acho que só lá para o fim de
Dezembro quando for ao lagar para buscar o azeite, com o ambiente quentinho das
enormes salamandras que impede o azeite de coalhar e o cheirinho inconfundível
do azeite novo é que me vou esquecer das agruras da apanha da azeitona.
Bom, lá vou voltar para a lida.
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