Trata-se evidentemente da
ignorância própria de quem não domina as artes e os saberes da Ciência
Política. Assim e nesta condição solicitava que alguém me explicasse muito devagarinho,
estas coisas são complicadas, o seguinte.
Ao que se vai sabendo da boca dos
próprios, PS, BE e PCP andam em negociação, ao que parece bem encaminhada, para
dar sentido a um Governo apoiado pela maioria que detêm na Assembleia da
República.
O objectivo, afirmam, é proteger
o país da continuação de políticas que maioritariamente não sufragou.
O Presidente da República é, tem
sido, dizem, um cúmplice ou, pelo menos, um apoio tácito dessas políticas que
querem evitar que continuem.
As eleições presidenciais não são
eleições legislativas, eu sei, mas como se viu acima, das eleições pode sair um
Presidente que seja cúmplice de políticas de efeitos nefastos ou que use as competências presidenciais para defender
o bem-estar da generalidade dos portugueses.
Disto resulta, acho eu de forma
errada certamente, que andariam melhor estes três partidos se criassem também
para as presidenciais um compromisso, um entendimento, um … qualquer coisa, que
contribuísse seriamente para a eleição de um Presidente da República que não
Marcelo Rebelo de Sousa.
Mas não é assim, de forma sábia
evidentemente embora tenha alguma dificuldade em entender, o PCP com o claro e
realista objectivo de ganhar as eleições lança Edgar Silva, uma candidatura
fortíssima que fez tremer o Professor Marcelo o mais que provável único,
sublinho único, candidato do lado da PàF. O Bloco de Esquerda não é menos que o
PCP, agora até é um bocadinho mais, e lança a candidatura de Marisa Matias e também
agora o Professor Marcelo sentiu novo frémito
O PS que devido aos resultados de
4 de Outubro lidera o processo que pode levar a um Governo apoiado por uma
maioria de esquerda e como é maior que BE e PCP tem pelo menos dois candidatos
de dentro do seu universo, Maria de Belém e Henrique Neto.
Talvez esteja errado, é quase
seguro (sem ironia), mas dada a aparente falta de apoio do aparelho socialista
a candidatura de Henrique Neto será pouco relevante em termos de resultados. No
entanto, uma parte do aparelho do PS descobre em Maria de Belém um conjunto de
virtudes que a recomendam para a função. Tendo ouvido o seu discurso de
apresentação fiquei esclarecido com a patética prestação e o Professor Marcelo
continua a tremer sentindo novo frémito de ... satisfação.
Alguns acharão que BE e PCP podem
numa eventual segunda volta ou mesmo à boca das urnas na primeira, podem vir a
dar outra indicação de votos e, entretanto, aproveitam os tempos de antena da
campanha para o seu próprio programa. É verdade que neste particular, tempo de
antena, Marcelo Rebelo de Sousa leva uma vantagem extraordinária.
Mas eu não acredito, nas
presidenciais prevalece o interesse nacional e não o interesse partidário,
dizem.
É de tudo isto que resulta a
minha estranheza. Sem esperar por resultados eleitorais ou a definição de interesses
partidários Sampaio da Nóvoa lançou uma candidatura que emerge do espaço da
cidadania e não do espaço dos partidos sem que seja contra os partidos, não
pode nem deve evidentemente. Sampaio da Nóvoa apresenta um discurso e uma visão
sobre o exercício da função presidencial dirigida aos portugueses e não a parte
dos portugueses, humanista, clara e distinta do cinzentismo cúmplice e demitido
que caracterizaram os últimos dez anos de prática presidencial.
Em nome da transparência, de um
projecto e um compromisso para o país parecer-me-ia, mal pelo que vou vendo,
que faria sentido apoiar desde logo uma candidatura, a de Sampaio da Nóvoa, no
que me parece ser a única forma de evitar uma vitória de Marcelo Rebelo de
Sousa na primeira volta e tentar que na segunda volta a maioria que se
estabeleceu no Parlamento se traduzisse numa vitória clara de Sampaio da Nóvoa.
Por isso o meu pedido de ajuda. Alguém que me
explique com paciência e de forma didáctica porque estão as coisas a acontecer desta
forma.
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