A imprensa refere hoje que segundo
dados agora divulgados pelo INE, a população portuguesa continua a diminuir
pelo quinto ano consecutivo.
Os portugueses são uma espécie
ameaçada e fico deveras inquieto com a aparente despreocupação que as
autoridades na matéria e do universo da ecologia revelam.
Ainda há dias o problema da diminuição da população de sardinhas e da necessidade de a proteger fez primeiras páginas e com os
portugueses não vejo qualquer iniciativa ou movimento de opinião no sentido da
sua protecção.
Na verdade, de há alguns anos
para cá os portugueses têm sofrido com alterações a vários níveis que se
traduzem na sua diminuição.
As alterações climáticas têm sido
de alguma severidade criando um clima tenso, inseguro, que gera desconfiança e
desesperança.
Os portugueses têm sido de uma
forma geral, exceptuando alguns exemplares mais preparados, vítimas de
predadores, mais conhecidos por mercados, que têm criado uma enorme pressão no
nosso habitat instalando situações de carência e pobreza que dificultam a
construção de projectos de vida que incluam filhos o que acentua o declínio da
espécie.
É também sabido que nas espécies
mais evoluídas assume especial relevância na sua sobrevivência e evolução o
papel e a qualidade das lideranças. Também nesta dimensão se verifica uma
enorme fragilidade criando uma deriva inconsequente e dispersão de esforços e
ideias. Esta situação é ainda um contributo para as alterações climáticas que
referi acima.
Os membros mais novos da espécie
têm sido particularmente afectados pelas alterações no seu ecossistema pelo que
população adulta tende a abster-se de aumentar o número de indivíduos, condição
imprescindível à manutenção da espécie.
Acontece ainda que muitos
milhares de portugueses, válidos e qualificados, sem que se sintam capazes da
sobrevivência no seu habitat se sentem empurrados e partem para outros territórios
onde muito provavelmente se adaptarão e a prazo abandonam, na prática, a sua
espécie.
Neste quadro, parece urgente que
se exijam medidas de protecção aos portugueses. Urge diminuir a actividade
predatória sobre boa parte da população.
Urge aumentar os níveis de
protecção e incentivo à natalidade mas de forma séria e não medidas
inconsequentes e mais retórica.
Urge aumentar o bem-estar da
população no seu todo e não de uma pequena minoria que é insuficiente para a manutenção
da espécie.
Urge construir um caminho que
possibilite a recuperação e proliferação da espécie.
Não somos uma espécie em extinção.
Somos, é verdade, uma espécie
ameaçada.
Mas vamos sobreviver.
E para isso é preciso mudar.
Já.
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