Na imprensa de hoje, no âmbito do
Dia Mundial da Alimentação, surgem várias referências aos elevados e preocupantes
dados relativos à obesidade infantil em Portugal, dos mais altos da Europa,
apesar de algum progresso nos últimos anos. Dada a sua relevância é fundamental
que tenhamos uma preocupação séria com esta matéria.
Recordo que estudos recentes o
Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, aos 4 anos mais 87% das
crianças ultrapassa já “os valores toleráveis de sal” para a sua idade. Crianças
com dois e “têm consumos alimentares nada saudáveis”, aos dois anos, por
exemplo
Neste universo, o bem estar dos
miúdos e os seus hábitos alimentares, segundo um estudo publicado na Lancet,
creio que de 2013, em Portugal 28,7% dos
rapazes, 27,1% das raparigas, 63,8% dos homens e 54,6% das mulheres evidenciam
excesso de peso, enquanto a obesidade afecta 8,9% dos rapazes, 10,6% das
raparigas, 20,9% dos homens e 23,4% das mulheres. Estes indicadores vão na
linha dos que a OMS divulgou há algum tempo, sobretudo no que respeita à
população mais nova.
Na Europa, mais de 27% das
crianças com 13 anos e 33% com 11 têm excesso de peso. Portugal é um dos países
com indicadores mais inquietantes, 32% das crianças com 11 anos têm peso a
mais.
Nada de novo, recordo um estudo,
“EPACI Portugal 2012 – Estudo do Padrão Alimentar e de Crescimento na
Infância”, segundo o qual, 31.4% das crianças portuguesas entre os 12 e os 36
meses apresentam excesso de peso e 6.5% situações de obesidade. Os dados são
preocupantes mas não surpreendem indo no mesmo sentido de dados envolvendo
outras idades.
A Direcção-Geral de Saúde tem
vindo a recomendar às escolas que alimentos hipercalóricos, como doces ou
bolos, não sejam expostos, devendo ficar visíveis aos olhos dos alunos os
alimentos considerados mais saudáveis em como estão em curso medidas no sentido
de baixar a publicidade a alimentos e bebidas com maior carga calórica.
Recordo ainda um estudo divulgado
há meses da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, encontrou 17% de
rapazes e 26% de raparigas de quatro anos, sublinho, quatro anos, com excesso
de peso e obesidade e níveis de colesterol elevados, um cenário verdadeiramente
preocupante e de graves consequências futuras.
Creio ainda de sublinhar que
estudos realizados em Portugal mostram que a obesidade infantil é já um problema
de saúde pública, implicando, por exemplo, o disparar de casos de diabete tipo
II em crianças.
Apesar de parecer uma birra ou
teimosia acho sempre importante sublinhar a importância que deve merecer a
questão dos hábitos alimentares e o combate ao sedentarismo , sobretudo nos
mais novos.
As consequências potenciais deste
quadro em termos de saúde e qualidade de vida são muito significativas, quer em
termos individuais, quer em termos sociais. Assim, e como já tenho referido, um
problema de saúde pública desta dimensão e impacto justifica a definição de
programas de prevenção, educação e remediação que o combatam. Provavelmente,
teremos algumas reacções contra o chamado “fundamentalismo nos hábitos
individuais” mas creio que são também de ponderar as implicações colectivas e
sociais do problema.
No entanto, como sabemos, o
excesso de peso e os riscos associados não serão, para a esmagadora maioria das
miúdos e graúdos nessa situação, uma escolha individual, é algo de que não
gostam e sofrem, de diferentes formas, com isso.
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