Sem prejuízo de se reflectir se a
organização dos horários escolares é a mais ajustada e do meu ponto de
vista existem mesmo alguns aspectos a carecer de ajustamento, creio que há muito
a fazer no que respeita à qualidade e suficiência do sono em crianças e
adolescentes.
Recordo que diversos estudos mostram
que um número significativo de adolescentes, em algumas investigações mais de metade,
apresenta quadros de sonolência excessiva e evidenciam hábitos de sono pouco
saudáveis. Esta constatação vai no mesmo sentido de outros trabalhos com
crianças mais novas. A falta de qualidade do sono e do tempo necessário acaba,
naturalmente, por comprometer a qualidade de vida das crianças e adolescentes.
Todos nos cruzamos frequentemente nos Centros Comerciais, por exemplo, com
crianças, mais pequenas ou maiores, a horas a que deveriam estar na cama e que,
penosa mas excitadamente, deambulam atreladas aos pais.
Várias investigações sugerem que
parte das alterações verificadas nos padrões e hábito relativos ao sono remetem
para questões ligadas a stress familiar e sublinham o aumento das queixas
relativas a sonolência e alterações comportamentais durante o dia.
É certo que as situações de
stress familiar serão importantes mas parece-me necessário não esquecer alguns
aspectos relacionados com os estilos de vida, quer com as rotinas incluindo as
escolares, quer com a utilização regulada das novas tecnologias. Durante o dia,
as crianças e adolescentes passam boa parte do seu tempo saltitando de
actividade para actividade, passam tempos infindos na escola e, muitos deles,
são pressionados para resultados de excelência. Segundo alguns estudos, perto
de 50% das crianças até aos 15 anos terão computador ou televisor no quarto,
além do telemóvel.
Acontece que durante o período
que seria dedicado ao sono, sem regulação familiar muitas crianças e
adolescentes estarão diante de um ecrã, pc, tv ou telemóvel. Com é óbvio, este
comportamento não pode deixar de implicar consequências nos comportamentos
durante o dia, sonolência e distracção, ansiedade e, naturalmente, o risco de
falta de rendimento escolar num quadro geral de pior qualidade de vida.
Creio que, com alguma frequência,
os comportamentos dos miúdos, sobretudo nos mais novos, que são de uma forma
aligeirada remetidos para o saco sem fundo da hiperactividade e problemas de
atenção, estarão associados aos seus hábitos e padrões de sono como, aliás, os
estudos parecem sugerir.
Estas matérias, a presença das
novas tecnologias na vida dos mais novos, são problemas novos para muitos pais,
eles próprios com níveis baixos de alfabetização informática. Considerando as
implicações sérias na vida diária importa que se reflicta sobre a atenção e
ajuda destinada aos pais para que a utilização imprescindível e útil seja
regulada e protectora da qualidade de vida das crianças e adolescentes.
A experiência mostra-me que
muitos pais desejam e mostram necessidade de alguma ajuda ou orientação nestas
matérias.
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