Dia de eleições.
Não consigo evitar que em todos
os dias que se realizam eleições me lembre dos dois primeiros actos eleitorais
em que me envolvi. Em primeiro lugar, as eleições para a então Assembleia
Nacional em Outubro de 1969, durante a chamada “Primavera” Marcelista, tempo
que aparentava uma pequena abertura no regime. Concorreram a União Nacional, a
Comissão Eleitoral de União Democrática, a Comissão Eleitoral Monárquica e a
Comissão Democrática Eleitoral. Participei em algumas acções durante esta campanha
embora ainda não pudesse votar.
Lembro-me de assistir a alguns
comícios muito bem vigiados pela polícia política e enquadrados pelas forças
policiais, lembro-me por exemplo da interrupção, por decisão policial, de um
acção em Almada em que participava José Afonso, lembro-me de alguns “incómodos”
na família e em famílias conhecidas causados pelo envolvimento nestas
actividades. Não sei se será isto a que se pode chamar “asfixia democrática”
mas não posso deixar de recordar. Por curiosidade e para os mais novos, a União
Nacional, o “partido” do regime ficou “surpreendentemente” com a totalidade dos
120 deputados eleitos.
O segundo acto eleitoral de que
sempre me lembro foi o que se realizou em 1975 para a Assembleia Constituinte,
as primeiras eleições livres. Um dia que com muita luta tardou em chegar e absolutamente inesquecível.
Creio que já aqi referi, passei uma manhã inteira numa interminável fila para, finalmente, poder votar, pela primeira vez, sem constrangimentos. Na rua, a gente falava de votar como de algo mágico. Desde esse tempo muita coisa se passou, umas mais bonitas, outras menos bonitas, os últimos tempos têm sido particularmente feios, mas é bom não esquecer.
Creio que já aqi referi, passei uma manhã inteira numa interminável fila para, finalmente, poder votar, pela primeira vez, sem constrangimentos. Na rua, a gente falava de votar como de algo mágico. Desde esse tempo muita coisa se passou, umas mais bonitas, outras menos bonitas, os últimos tempos têm sido particularmente feios, mas é bom não esquecer.
Façam o que quiserem com o voto,
e esta é a questão essencial, eu faço o que quero com o meu voto. Também me
parece que seria bom que os partidos que têm vindo a transformar a democracia
numa partidocracia capturando consciências e participação cívica não se esquecessem. Pouco a pouco começamos a guardar os
nossos votos e decidimos não os dar a ninguém, sobe a abstenção, ainda assim
uma decisão nossa.
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