Os dias vão turbulentos. Na
imprensa são múltiplas as referências aos riscos de mudanças na gestão política
dos destinos do País.
Para além, evidentemente, dos discursos políticos de quem está no poder, diversos fazedores de opinião, na
sua maioria com agendas muito claras, procuram incutir o medo da mudança, o
medo de um Governo do PS com o apoio do Bloco de Esquerda e o Partido Comunista.
Antes de continuar, uma
brevíssima afirmação. Embora posicionado naquilo que se convenciona designar
como esquerda não relação fidelizada filiação com qualquer dos partidos do “arco
do medo”, por oposição à configurada fórmula do “arco da governação”.
Os discursos que nos procuram
assustar, incluindo a antológica peça do Presidente da República, radicam na
instabilidade que se abaterá sobre nós, na reacção negativa dos mercados, no risco
de perder o que ganhámos, etc.
Eu percebo, é um clássico, que a
mudança assusta e assusta, evidentemente, quem mais tem a perder.
Deste ponto de vista, não creio as
pessoas que perderam emprego e não vislumbra a hipótese de retornar ao mercado
de trabalho sintam medo.
Não creio, que as pessoas que ficaram
mais pobre fiquem com medo.
Não creio que as pessoas que
sentem a diminuição do estado social, da degradação e aumento de custos no
acesso a cuidados de saúde, sintam medo.
Não creio que as pessoas
preocupadas com o desinvestimento na educação e escola pública sintam medo.
Não creio que os velhos que penam
num fim de vida em estão mais pobres e abandonados sintam medo.
Não creio que os jovens e menos
jovens que emigram em busca de um futuro que por cá não vislumbram sintam medo.
Não creio que as pessoas que têm
vidas precárias, algumas a troco de vencimentos que mais não são que subsídios
de sobrevivência sintam medo.
Finalmente, creio que a maioria
das pessoas que votou a 4 de Outubro votou como votou … porque não tinha medo.
Não queria a continuidade de
políticas que, essas sim, são conhecidas e metem medo.
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