Como diria umas das grandes
figuras nacionais, o “mister” Jorge Jesus, a coisa é “limpinha, limpinha”.
Estou a falar de eleições
presidenciais. Vejamos.
Há meses foi lançada a
candidatura de Sampaio da Nóvoa, emergente de fora do universo partidário, autónoma
e independente ainda que, felizmente, com substância ideológica e de visão
sobre Portugal e a vida dos portugueses.
Também Henrique Neto, oriundo do
PS, apresentou a sua candidatura mas, independentemente dos méritos do
candidato, com uma perspectiva de sucesso bastante reduzida.
Do outro lado do espectro
político, Marcelo Rebelo de Sousa era um candidato anunciado, anos e anos de
tempo de antena no horário nobre televisivo e uma aposta recente num circuito pelo “aparelho local” do PSD tornavam evidente a sua candidatura que surge, como
refere Pacheco Pereira, com uma sombra ética a pairar sobre si, o seu trabalho
continuado e fortemente mediático de “fazedor de opinião” levantam, de facto,
algumas questões de natureza ética, que, como sabemos, não tem grande peso no
universo político português. A apresentação formal era só uma questão de tempo
e oportunidade que surgiu com os resultados das legislativas de 4 de Outubro.
Rui Rio, em tempos o desejado pelo
PSD, foi engolido pela campanha que Marcelo vem a fazer de há muito tempo pelo
que acaba por desistir embora se ache o candidato com melhor perfil. Pois.
O Dr. Alberto João alimentava o
sonho de “ocupar” o continente, perdão, o Palácio de Belém mas, evidentemente,
não era um sonho, era mais um delírio e … desistiu apoiando, claro Marcelo.
Entretanto uma parte do PS, no
quadro do acerto de contas interno e com uma mãozinha dos interesses do PSD fabrica
uma candidatura, vazia, inócua, protagonizada por Maria de Belém Roseira que
sempre que fala … diz nada. Na lapidar definição de Henrique Neto “entra calada
e sai silenciosa”. A sua apresentação de candidatura foi quase patética.
O PCP cumpre o ritual do costume,
lança um candidato próprio, Edgar Silva que, naturalmente e apesar do seu
currículo, pouca capacidade terá de converter apoiantes fora do partido.
Admite-se que numa eventual segunda volta a que o seu candidato não chegará
possa alterar a sua posição. Poderá ser tarde.
Neste contexto, está, crê-se, “limpinho,
limpinho” o caminho para que Marcelo ganhe as presidenciais à primeira volta.
Parece-me clara a estratégia.
A única forma de contrariar este
cenário tecido nas teias da partidocracia é o reforço da candidatura de Sampaio
da Nóvoa e o reforço da luta difícil e dura para que possa passar a uma segunda
volta a disputar com Marcelo Rebelo de Sousa. Teremos certamente, como bons
exemplos já conhecemos, uma campanha tóxica, com a utilização abusiva e desregulada da imprensa e dos
espaços de opinião que sem equilíbrio a preenchem
Se chegarmos a uma segunda volta acredito
que os eleitores que maioritariamente não escolheram a coligação em 4 de Outubro proporcionarão
uma votação maioritária a Sampaio da Nóvoa.
Apesar dos directórios políticos
partidários e da sua pequenina luta pelo poder interno e, ou, da defesa dos
seus interesses imediatos.
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