Representantes da European Science Foundation realizaram um evento público para apresentar o “relatório
final” do seu “dirty work”, liquidar boa parte do sistema de investigação
português afectando, designadamente, as “inúteis” Ciências Sociais.
Importa sublinhar que o Relatório não
é final pois ainda estão a ser analisados algumas dezenas de recursos. Como o
povo costuma dizer “cada cavadela, cada minhoca”, ou seja, as explicações dos “peritos”
da ESF apenas confirmaram a natureza insustentável do processo de que foram
responsáveis. Por outro lado, passam culpas para a FCT que por sua vez lava
culpas pois a sua Presidente entrou com o processo a decorrer.
Para irresponsabilidade e
incompetência não está mal.
A coisa resume-se facilmente. A
Fundação para a Ciência e Tecnologia contratou uma moribunda European Science
Foundation para um trabalho extraordinário, liquidar parte significativa das
estruturas de investigação existentes em Portugal.
Definiu à partida que metade das
entidades deveriam ser eliminadas logo na primeira fase e a ESF que fizesse o trabalho. Para dar suporte às decisões
recorreu-se de forma absolutamente delirante à tirania dos índices
bibliométricos através da Elsevier e constituíram-se equipas de avaliadores que
sem dar a cara se dispuseram a fazer o trabalho sujo, eliminar 50% dos centros
e laboratórios da passagem à fase seguinte da avaliação, objectivo constante do
contrato estabelecido como veio a saber-se posteriormente.
O resultado deste tenebroso
processo é conhecido, pode aceder-se a muitos exemplos no blogue Rerum Natura e
na imprensa onde têm sido reportados sucessivos exemplos de avaliações e
tomadas de posição de investigadores e estruturas, quer em Portugal, quer no
estrangeiro.
Nas avaliações realizadas
verificou-se de tudo, critérios ambíguos e falta de transparência, avaliação de
áreas científicas por avaliadores fora dessa área e sem peso científico,
avaliações completamente contraditórias, mal fundamentas, sobre o mesmo
trabalho, ignorância sobre algumas temáticas em avaliação, desconhecimento das
variáveis contextuais, etc.
O resultado pretendido pela FCT
foi atingido, boa parte do tecido de investigação em Portugal foi, vai ser,
destruído. Muitos Laboratórios e Centros de investigação com resultados
importantes e reconhecidos têm fortemente comprometido, quando não
impossibilitado, o seu trabalho. É uma irresponsabilidade ética e politicamente
delinquente.
Nada disto quer dizer,
evidentemente, que a investigação não deva ser avaliada e escrutinados os
apoios financeiros.
A questão é que esta avaliação
deve ser séria e competente, com critérios claros e por avaliadores
reconhecidos e competentes nas
áreas que avaliam.
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