Excerto da entrevista ao Expresso
de Margaret Raymond, directora do Centro de Investigação sobre Resultados em
Educação da Universidade norte-americana de Stanford que a convite da Fundação
Francisco Manuel dos Santos avaliou o sistema educativo português. Como já aqui
referi veio propor mais exames e avaliações a alunos e professores e entende
que existe ideologia a mais na educação.
(o sublinhado é meu)
Duas notas.
Para quem entende que existe
demasiada carga ideológica no discurso sobre a educação toda a entrevista de Margaret
Raymond é um manual de ideologia. É curioso mas nada a opor desde que não nos desconsidere na
inteligência e no conhecimento.
Medimos o que conseguimos medir e
escolhemos o que queremos medir. É pouco honesto do ponto de vista científico
afirmar que apenas sabemos medir o que os exames medem.
Em primeiro lugar existe como é
reconhecido uma gestão científica e política da dificuldade e natureza do exame
donde os seus resultados terão sempre de se considerarem relativos a opções
tomadas e não em valor absoluto.
Em segundo lugar não é verdade
que não saibamos avaliar (e mesmo medir para responder à obsessão pela medida)
outras áreas de desempenho dos alunos. Se necessário sabemos como avaliar diferentes áreas de competências os alunos.
A questão de reduzir a avaliação à
medida é, de novo, uma opção ideológica e implica a definição dos conteúdos e
organização dos currículos de forma a corresponder a essa orientação.
Explica-se assim a enormidade
insustentável de metas curriculares, 998 em Português para o ensino Básico a
título de exemplo, gerando incapacidade de acomodar diversidade por parte dos alunos
e trabalho diferenciado pelos professores e autonomia pelas escolas mas que do
ponto de vista de Margaret Raymond e de Nuno Crato permitem a medida,
transformam o ensino na administração de um conjunto de checklists constituídas
pelas metas curriculares.
Já cansa.
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