Uma vez, a professora Joana resolveu perguntar aos miúdos como é que ocupavam o tempo, pouco, que tinham livre.
As respostas que foi obtendo estavam de acordo com o que nestes tempos se pode esperar de miúdos destas idades.
Alguns tinham as consolas que os consolavam. Outros, poucos, brincavam na rua, coisa que já, quase, não se pode fazer. Alguns outros iam para ateliers de tempos livres que de livres, por vezes, pouco têm. Também havia, é claro, quem visse televisão, há muitas coisas para escolher em tantos canais.
Muitos referiam que muito do pouco tempo que têm livre estavam no computador. Outros iam fazer desporto. Havia até o Manel e Sara que tocavam numa banda que tinha escola de música.
A Rita e o Francisco falaram de como gostavam de estar sempre a ler e o Fábio adorava andar de bicicleta no quintal do tio que era grande.
Já todos tinham dito o que mais faziam nos tempos sem trabalho, apenas o Luís se mantinha calado.
A professora Joana acabou por interpelá-lo. E tu Luís não nos queres dizer como usas o tempo que tens desocupado.
Meio embaraçado, o Luís disse, "Vou para um sítio longe, sossegado, sem barulho, sem gente a gritar comigo e fico lá a inventar histórias. Começam como eu quero, entra nas histórias quem eu quero, acontece o que eu quero e acabam como eu quero. São sempre bonitas".
A estranheza da professora Joana levou-a a perguntar, rindo-se, "E onde é tal sítio?"
Tranquilamente o Luís respondeu, "Nas nuvens, sempre que posso vivo nas nuvens, foi o meu avô que me ensinou a ir para lá. É fixe".
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