Pode parecer um texto disparatado, será só mais um, desinteressante, será só mais um, mas hoje lembrei-me de falar dos miúdos que estão bem, isso mesmo, dos miúdos que estão bem. Nos últimos tempos e por variadíssimas razões, os discursos produzidos sobre os miúdos e sobre a sua vida escolar e familiar, dirigem-se fundamentalmente para o que podemos considerar o lado negro, como se apenas houvesse lado negro. Na realidade existe e é muito preocupante este lado negro em que a vida de muitos miúdos se transformou. No entanto, é isso que hoje me leva a escrever, muito provavelmente, a maioria dos miúdos estão bem e recomendam-se. É verdade.
Para muitos miúdos a escola é um espaço de que gostam e onde se sentem bem, sendo bem sucedidos no trabalham que realizam com professores com quem se entendem e aprendem.
Muitos miúdos têm pais e família de quem gostam e que gostam deles e onde se sentem aconchegados e protegidos.
Muitos miúdos estão a percorrer estradas que, apesar de algumas curvas ou buracos, os levarão a um futuro onde vão gostar de chegar.
Muitos miúdos têm amigos e não se sentem sós.
Muitos miúdos têm tempo para brincar e com quem brincar.
Muitos miúdos ainda têm avós que lhes explicam que a vida não é tão séria como os pais a pintam e que, por isso, é preciso fazer asneiras de vez em quando.
Muitos miúdos, apesar das normais dores do crescimento, crescem nos sentidos certos, descobrindo esses sentidos numa afirmação de auto-determinação e autonomia.
Felizmente que para muitos miúdos isto faz parte da vida deles. Estão bem.
Hoje vou dormir mais tranquilo. E amanhã, volto a preocupar-me com o lado negro.
1 comentário:
e muitos miúdos gostam das curvas da estrada, ou ganham-lhes o gosto, e até de alguns dos buracos que permitem criar umas suspensões mais resistentes... Boa José! É assim mesmo, o que não vende também pode interessar. E vender, cada vez mais, pode implicar um claudicar do verdadeiro interesse...
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