A edição de hoje do Público apresenta um elucidativo trabalho sobre as agências de rating e formas de funcionamento. Por coincidência, tinha colocado aqui um texto há dois dias onde me referia a estes nossos "parceiros" recentes. Assim, pedindo desculpa pela insistência repetitiva, aqui fica a reflexão sobre o papel destas agências.
Durante muito tempo as referências a lixo decorriam sobretudo dos nossos bons hábitos de cidadania ao transformar cada recanto de estrada numa lixeira e cada pedaço de jardim urbano numa mini-lixeira.
Com o tempo, as referências a lixo foram-se ligando de forma cada vez mais significativa ao discurso eco-preocupado. Passámos a entender que se deve produzir menos lixo reaproveitando o que é possível, que se deve combater e eliminar as lixeiras e que o lixo deve ser separado e reciclado a bem do desenvolvimento sustentado e sustentável que melhora a nossa qualidade de vida.
À excepção de uma parte da nossa classe política e liderança económica que tem insistido na produção de lixo e na poluição do nosso clima social e económico deixando uma pegada ética de assinalável dimensão, a coisa parecia estar a caminhar no bom sentido.
Eis senão quando emergem uns abutres sem alma que gerem um deus chamado mercado e que desatam a transformar em lixo quem muito bem entendem à luz dos seus objectivos de saque imoral e escandaloso, criando milhões de pobres, esses sim assumindo a condição de lixo.
Refiro a essa coisa chamada "agências de rating" que enquanto cabeças de um polvo que as alimenta e que delas se alimenta, transforma países em lixo, empresas em lixo, bancos em lixo com critérios que, frequentemente, nem os especialistas entendem mas que a alguém irão certamente servir.
Nós, portugueses, também já somos lixo, os nossos bancos são lixo, as nossas empresas são lixo, enfim, esperamos agora pela reciclagem de que os abutres ditam as regras e com a qual o continuarão a sacar.
Como diz o povo, só à vassourada, mas não é só no lixo, é nos abutres que nos transformam e tratam como lixo.
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