terça-feira, 21 de junho de 2011

AQUELES TRÊS SÃO MESMO BURROS

Há uns anos atrás, por razões profissionais estava numa escola do 1º ciclo e a directora, por simpatia convidou-me a visitá-la estando em pleno funcionamento. Devo dizer que não simpatizo com a ideia da entrada de pessoas estranhas pelas salas de aulas em trabalho mas não fui capaz de recusar.
Numa das salas com gaiatos do 1º ano e no breve período da visita comentava-se como os miúdos são diferentes uns dos outros. A professora que trabalhava com aquele grupo concordou com o entendimento e para reforçar esse acordo apontou para três miúdos que estavam juntos sentados a uma mesa e disse para mim e para a directora, "olhe aqueles três ali, são mesmo burros, não aprendem nada, nem vão aprender". Acrescento que a informação foi prestada num tom de voz que ninguém na sala podia deixar de a ouvir. Não consegui evitar olhar na direcção "daqueles três" e confesso que já não me lembro das caras dos miúdos, só me lembro de três pares de olhos, tristes, a olhar para nós e a pedir desculpa de existirem.
Parece estranho como por vezes não nos apercebemos, e acredito que não seja de forma intencional, como os juízos podem atropelar completamente alguém, a sua vida presente e, muito, provavelmente, a sua vida futura.
A escola era longe e não soube mais nada sobre "aqueles três burros". Gostava de estar enganado, mas a minha convicção é de que eles continuaram burros enquanto andaram na escola. Só com muita sorte e esforço se pode contrariar o destino dos "burros".
O que esta história tem de positivo e interessante é que, embora real, conta uma situação rara.
Muito rara mesmo.

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