sábado, 25 de junho de 2011

NA LISTA DE ESPERA PARA SER EDUCADO

Nas últimas semanas tem vindo a aparecer com alguma frequência notícias da passagem significativa de alunos do ensino privado para o ensino público, ao que parece, devido à progressiva dificuldade das famílias em assumir os encargos com a frequência do subsistema do ensino privado.
O Público de hoje retoma a notícia e sublinha a maior dificuldade de resposta na educação pré-escolar, verificando-se a existência de muitas escolas e agrupamentos com extensas lista de espera para os mais novos.
Esta situação obriga-me, de novo, a alguma notas.
Portugal tem um dos mais elevados custos de equipamentos, creches e jardins-de-infância, e serviços para crianças o que obviamente constitui uma enorme dificuldade para as famílias, sendo, aliás, um pesado constrangimento a projectos de maternidade acentuando o caminho regressivo da nossa demografia.
É importante referir que alguns estudos revelam que as mulheres portuguesas são de entre as europeias as que mais valorizam a carreira profissional e a família, a maternidade e também é sabido que as mulheres portuguesas são das que mais tempo trabalham fora de casa o que dificulta a conciliação que desejam entre profissão e parentalidade.
Este quadro, baixa natalidade e necessidade de acolhimento das crianças, exige, naturalmente, o repensar das políticas de apoio à família que numa situação de dificuldade como a que atravessamos ganham ainda maior pertinência.
É urgente a curto médio a curto e médio prazo, por exemplo, o aumento da acessibilidade aos equipamentos e serviços para a infância com o alargamento da resposta pública de creche e educação pré-escolar, cuja oferta está claramente abaixo do necessário.
Pode parecer disparate mas acho que se poderia investir na construção de redes comunitárias de apoio e guarda das crianças, aproveitando, por exemplo, os seniores que estão sós, desocupados e cheios de vontade de ser úteis a “filhos” e a “netos” que deles precisem.
Numa época de vacas magras a definição de prioridades é ainda mais exigente e deve ser também mais escrutinada no âmbito da cidadania. Do meu ponto de vista, investir adequadamente em políticas de família é investir no futuro. No entanto, pode haver quem chame futuro a mais auto-estradas, por exemplo.

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